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O círculo é a forma geométrica perfeita. Nada sobra e nada falta.

O mesmo não pode ser dito da protagonista desenhada por Shel Silverstein, uma rodinha infeliz e visivelmente incompleta porque está sem um pedaço, o que a impede de rolar como antes. Ela acredita que só vai se realizar e explorar o mundo quando achar A Parte Que Falta. O livro segue suas peripécias em busca da felicidade.

Clássico da literatura infantil, com ilustrações singelas e diálogos sensíveis, a história diverte o leitor com as experiências fracassadas da esfera. A personagem se depara no caminho com partes de tamanhos diferentes e tenta preencher com elas o vazio que está sentindo. Umas peças se soltam, outras se quebram. Nenhuma serve.

As esperanças se renovam quando o pedaço aparentemente ideal aparece. Mas essa união a faz rolar tão depressa por onde passa que nem dá tempo de apreciar a paisagem, como ela gosta. A expectativa perde para a realidade e se torna um convite a muitas interpretações. A rodinha tem que aprender a lidar com a falta que a outra parte faz.

Criativo, Silverstein foi além e contou como A Parte Que Falta Encontra o Grande O. De capa dura como o anterior, o segundo livro revela que o pedacinho solitário também sofre poucas e boas atrás da sua redonda alma gêmea. O destino é caprichoso e lhe apresenta um círculo maior, que rola sozinho e é feliz assim. Os desdobramentos são como pílulas de sabedoria.

O autor consegue tocar o coração de crianças e adultos com linhas riscadas sem firmeza sobre o papel em branco. Desejos e frustrações são tratados por ele com doçura e simpatia.

Conhecendo o autor

Shel Silverstein foi um dos artistas mais amados pelos americaninhos do último século. Nascido em 1930, em Chicago, descobriu cedo que gostava de desenhar. Não sabia jogar beisebol como os outros meninos, preferia um canto com lápis e papel. Na Universidade de Illionois, anos depois, também não seguiu a maioria. Abandonou os estudos por causa das notas, que eram péssimas. Chutou o balde e alistou-se no exército.

No jornal militar Stars and Stripes, no entanto, Silverstein se encontrou. Publicou ali os primeiros quadrinhos e chamou atenção da revista Sports Illustrated, onde colaborou após o serviço obrigatório. Mas foi na Playboy que seu trabalho como cartunista decolou. A gigante editorial Harper Collins, atenta, convenceu o jovem de traços simples a desenhar para crianças. A parceria rendeu 13 obras traduzidas em mais de 40 línguas!

Ao longo da carreira, além das ilustrações, Shel escreveu poesias, peças de teatro, roteiro de filme e letras de música. Não ficou preso a um único público e conquistou com facilidade a crítica especializada. Foi um artista quase completo, como a rodinha do livro em questão aqui, sempre em movimento. Capaz de dizer muito com bem pouco.

Sobre o lançamento

Publicado em 1976, A Parte Que Falta foi relançado pela Companhia das Letras em 2018 e entrou bem rápido nas listas de mais vendidos, após um empurrãozinho sincero da youtuber Jout Jout. Em seu canal, ela leu a história página por página e acabou chorando, emocionada. O vídeo alcançou mais de 3 milhões de visualizações em duas semanas.

"Não sei quanto a você, mas sempre falta um trocinho. Às vezes falta muita coisa, às vezes só uma coisinha que parece um mundo de faltas", escreveu Jout Jout em sua postagem. A editora imprimiu até marcadores de livro com as palavras usadas por ela, que sem querer virou a garota-propaganda do artista americano no Brasil. O sucesso comercial da obra é justificado.

Conclusão

A Parte Que Falta tem 112 páginas e é lido em alguns minutos. Mas esse tempo é relativo. O interesse não acaba quando a aventura termina. O livro pode ser folheado inúmeras vezes, inclusive pelos pais, em dias mais oportunos.

Angústia existencial é um capítulo marcante na vida dos adultos, que nunca estão satisfeitos. Os desenhos ajudam a acomodar essas emoções dentro da gente. Você pode ensinar isso a uma criança, porque ela também vai chegar lá.

Quem não tem filho pode presentear alguém que esteja sofrendo de amor, como fez Jout Jout. Ou comprar o livro e guardá-lo em lugar carinhoso da casa, onde se possa rever, como se fosse um retrato de família. Para não esquecer o lado bom das coisas.

A jornada da roda despedaçada, para ficar inteira com você, precisa da continuação. A Parte Que Falta Encontra o Grande O alonga a reflexão e a autoestima dos leitores. Não existe encaixe perfeito nos relacionamentos e, para o autor, não devemos nos preocupar com isso. Ou jamais seremos verdadeiramente felizes.

Terapia para todas as idades em linguagem infantil.

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