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Publicado no ano de 1813 e adaptado dezenas de vezes para os mais diversos formatos, Orgulho e Preconceito foi e ainda é um sucesso mundial. Na época, a obra foi tão bem recebida que Jan Fergus, professora da norte-americana da LeHigh University e biógrafa de Jane Austen, afirma que é seu livro mais popular entre o público, família e amigos.

É, entretanto, apenas uma das inúmeras outras produções da romancista, famosa até hoje por sua habilidade em escrever a complexidade de personagens femininas a partir dos conflitos vigentes de sua época entre relações de classe e gênero.

Em memória ao talento da autora e à sua determinação em ocupar um espaço que antes era majoritariamente masculino, relembramos sua carreira e selecionamos sete livros que refletem seu estilo. Vamos conferir?

Um pouco mais sobre a vida de Austen

Jane Austen nasceu na cidade de Steventon, na Inglaterra, em dezembro de 1775. Grande parte de sua juventude estudou com seu pai, reverendo, e foi em sua biblioteca que começou a ler romances, de Fielding a Richardson.

Em uma de suas cartas, menciona que ela e sua família são leitores ávidos, com orgulho. Nunca se casou, mas logo cedo vendeu seu primeiro livro escrito, A Abadia de Northanger, em 1803.

Foi a publicação anônima de Razão e Sensibilidade que permitiu sua independência financeira, já aos 36 anos de idade. Aos 41 anos, suas últimas palavras foram “I want nothing but death” ("Não quero nada além da morte", em português).

Mansfield Park: uma combinação de simplicidade e ousadia

Seu terceiro livro publicado narra, com uma escrita simples e envolvente, a história de uma jovem vinda de uma família simples que desde os 10 anos de idade é criada pelos tios ricos em Mansfield Park.

A heroína, Fanny, nos encanta logo nas primeiras das 608 páginas por sua timidez, insegurança e fragilidade. Em sua nova casa, passa por humilhações até finalmente crescer e tornar-se uma bela mulher, despertando o interesse de alguns dos rapazes.

O sucesso da obra foi tanto que todos os exemplares foram vendidos no período de seis meses.

A Abadia de Northanger, seu primeiro livro vendido

Lançado postumamente em 1817, 14 anos depois de ter sido comprado pela editora, a paródia de Jane Austen dos romances góticos best-sellers da época tem apenas 272 páginas.

Narrada em terceira pessoa, com uma linguagem bem humorada, a obra interage com os leitores ao contar a história da jovem Catherine Morland, viciada em livros de amores trágicos e desventuras horripilantes.

A autora usa seu senso aguçado para retratar uma sociedade em que as pessoas fazem qualquer coisa por dinheiro no que foi considerado uma de suas obras mais leves e cômicas.

Lady Susan, um romance a partir de cartas

Escrito em sua juventude e nunca enviado para editoras, Lady Susan é um romance epistolar publicado somente em 1871, muito depois de sua morte, cuja narrativa desenvolve-se por meio de cartas.

A personagem, bela e recentemente viúva, está envolta por joguetes sociais dos mais inusitados que enriquecem a trama desenvolvida por Austen. Definida por seus rivais como “ a grande coquete da Inglaterra”, Susan é uma figura notável e desprovida de qualidades redentoras.

Não surpreende que as consequências de suas intrigas e maquinações sejam desastrosas.

Emma, dedicado ao príncipe regente

A personagem Emma Woodhouse inicialmente aparenta ser rica e esnobe e, ao longo da narrativa, prova que é mais que isso.

O livro, publicado em 1815, não teve o êxito das obras anteriores e foi dedicado ao príncipe regente, conhecido por ser mimado, egoísta e vaidoso, a pedido do mesmo.

Razão e Sensibilidade, a primeira obra publicada

Primeiro livro a ser publicado pela autora, Razão e Sensibilidade foi originalmente assinado pelo pseudônimo “By a Lady”, cujo significado é “por uma dama”. Ilustrando a vida das mulheres de sua época, o romance apresenta a dualidade das irmãs Elinor, racional, e Marianne, mais emotiva.

Após a morte do pai das duas, seu único filho homem herda a propriedade e elas acabam sendo obrigadas a abrir mão do estilo vida que estavam acostumadas para morar em uma casa mais simples. Sem pestanejar, aceitam a nova realidade e nos dão uma ótima lição.

As paixões e a crítica à sociedade rígida, cheia de regras e injustiças, resultaram em grande aceitação entre os leitores, mas o custo da publicação foi maior que o lucro obtido pela autora. Posteriormente, rendeu inúmeras adaptações para os mais variados formatos.

Persuasão, último escrito finalizado pela romancista

As 205 páginas foram escritas no ano de 1816, enquanto Austen estava enferma, de forma que Persuasão foi o último romance que escreveu antes de sua morte, tendo sido publicado postumamente.

A história tem relação com a Abadia de Northanger e mistura humor, amor, ironia e crítica social ao narrar a história da já não tão jovem Anne Elliot, que fora convencida pela sua família a não se casar com um jovem homem mais pobre, porém ambicioso, oito anos antes.

Mais velha, já com autonomia e maturidade, Anne encontra seu grande amor novamente e precisa ser sincera consigo mesma em relação aos seus próprios sentimentos em relação a ele.

Orgulho e Preconceito: a obra mais famosa de Jane Austen

A obra mais conhecida de Jane Austen, principalmente por suas adaptações para a televisão e o cinema, traz personagens icônicos em situações cotidianas relacionadas a amor e dinheiro que chegam a ser cômicas e satíricas, quando não são angustiantes.

Quando um jovem solteiro e rico chega na vila de Longbourn, a família Bennet vê uma possível oportunidade para as cinco filhas solteiras do casal.

A protagonista e vanguardista em relação ao seu tempo, Elizabeth, carrega dentro de si suas próprias inquietações. Com uma abordagem sutil e bastante perspicaz, a discriminação é entendida a partir da relação de quem a pratica consigo mesmo, e não como uma falha do outro.

Cada um dos sete livros tem uma peculiaridade, mas todos têm o toque especial de Jane Austen. Não é por menos que, ao final de seu epitáfio, acrescentaram o provérbio: "She opened her mouth with wisdom and in her tongue is the law of kindness" ou "Ela abre a boca com sabedoria e sua língua é a lei da bondade", em português.

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