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Ficha técnica

Informações Básicas

ISBN9788526808614
ISBN-108526808613
TítuloHistória de Quinze Dias
AutorDe Assis, Machado
EditoraUNICAMP
GêneroLiteratura NacionalContos e Crônicas

Descrição

O menor preço encontrado no Brasil para História de Quinze Dias - De Assis, Machado - 9788526808614 atualmente é R$ 42,94.

Avaliação dos usuários

5

6 avaliações

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O livro é complicado de entender!

Recomendo

O livro como eu disse é complicado de compreender, é uma literatura mais acadêmica, não recomendo para leigos ou para aqueles que está começando a estudar o assunto. Com relação a entrega tudo normal, como se pode ver na foto o livro está em ótimo estado.

Jezreel

• Via Amazon

Muito bom!

Recomendo

Prazo cumprido e atendimento excelente!! Super recomendo.

Fabrício

• Via Amazon

A lei que rege esta maquina

Recomendo

Machado de Assis não foi apenas o maior romancista e o maior contista da literatura brasileira. Foi também um exímio cronista, como o leitor terá farta ocasião de verificar nesse excelente volume de História de Quinze Dias, que reúne crônicas publicadas entre 1876 e 1978 na revista Illustração Brasileira. Ler as crônicas machadianas, porém, não é nada fácil. Elas abordam muitos personagens e eventos hoje obscuros para a maior parte de nós leitores comuns. O contexto sociocultural no qual elas se inserem e as referências de que o cronista se utiliza nos escapam. Some-se a isso que nem sempre as edições dessas obras contam com textos bem estabelecidos e se terá uma ideia da dificuldade enfrentada pelo leitor. Essa edição da Unicamp nivela o terreno para nós leitores que andamos com mais dificuldades nessas searas. Organizada e anotada por Leonardo Affonso de Miranda Pereira,  professor com doutorado e pós-doutorado na Unicamp, a edição não só contém notas rigorosas e detalhadas que dão o subsídio necessário à compreensão das crônicas, como também conta com uma ótima introdução do organizador, textos estabelecidos a partir dos originais e reproduções fascinantes de algumas gravuras de periódicos da época.  O organizador nos informa que Flávia Peral coordenou "a transcrição das crônicas a partir dos originais da Illustração Brasileira". Agradece ainda a outros estudiosos envolvidos no projeto.  Algumas breves considerações sobre as crônicas, escritas por Machado sob o pseudônimo Manassés.  A cronologia das crônicas desse volume guarda por si só bastante interesse. Isso porque, como informa o organizador, "Machado atravessava, naqueles anos, um momento central de sua trajetória literária, no qual os críticos costumam reconhecer um sensível amadurecimento de sua produção" (p. 9). Essas crônicas abrangem os anos vizinhos da virada decisiva representada por Memórias Póstumas de Brás Cubas, obra em que o uso criativo da forma livre, a subversão da figura do narrador e a ironia autodestrutiva marcam uma ruptura com a tradição romântica da qual o autor, se bem que a seu modo, nutrira-se até então. E que Machado é esse que encontramos aqui? A meu ver, encontramos acima de tudo o talentoso escritor, capaz de atrair o leitor pela qualidade da escrita e pelo humor inteligente. Não havia nessas crônicas espaço para grande filosofia ou densas reflexões - elas divertem pelo inusitado das associações, pelo horror ao lugar-comum, pela justeza das palavras, pela graça do chiste bem formulado e, claro, pelo satélite da inteligência que capta e retransmite de modo hilariante toda sorte de picaretagem e estupidez. Claro que há crônicas mais críticas e mordazes. Machado não precisava de subterfúgios para criticar, por exemplo, a escravidão: lamenta abertamente que a Lei de 28 de Setembro não tivesse chegado antes e que há apenas algumas poucas décadas "vinham ainda escravos, por contrabando, e vendiam-se às escâncaras no Valongo" (crônica 7 - p. 111). Ao falar dos Estados Unidos, louva a nação por ter "extirpardo uma detestável instituição social" depois de longos anos de guerra civil (crônica 2 - p. 73). São palavras duras, fortes e sobretudo abertas. Não me parece, assim, que Machado, naquela conjuntura, precisasse recorrer a subterfúgios literários para criticar a escravidão. A excelente e erudita introdução faz uma leitura fascinante dessas crônicas, com a qual muito aprendi, mas gostaria de sugerir que é preciso talvez termos certo cuidado para não irmos muito longe na atribuição a Machado de intenções de crítica social, incidindo em anacronismo. Por exemplo, quando ele lamenta o calor durante um enterro na crônica 33 e menciona os "pobres diabos" a trabalhar com a enxada "durante todas as horas quentes do dia", não me parece haver aí denúncia nem crítica. A observação serve apenas para ilustrar o tropo piedoso de que há sempre alguém em piores condições que nós. Machado lembra que "lá os deixamos, ao sol, de cabeça descoberta", lamenta os "pobres diabos" e muda para outros assuntos: uma atriz que engole espadas, uma sátira de Artur de Azevedo, um novo periódico...Machado não deixou seu chapéu com um dos coveiros nem viu naquilo motivo para não divertir o leitor com outros assuntos. Menos que uma crítica ao Brasil, trata-se assim de uma reflexão comum que poderia ser feita em qualquer contexto. Fosse Machado francês e estivesse escrevendo durante um inverno especialmente rigoroso, poderia dizer-se afortunado por não ser o pobre coveiro ralhando com as mãos e os pés enregelados no frio insuportável.  De várias maneiras, Machado se mostra nessas crônicas um burguês ilustrado do seu tempo, muito crítico mas também aparentemente cauteloso quanto a profundas perturbações da ordem social, como inclusive parecem sugerir algumas de suas referências pessoais (mais sobre isso no final).   Quero também salientar o delicioso e prazeroso humor de várias dessas crônicas, que me desataram um riso solto e descontraído.  O leitor (acho) vai rir a valer com o cronista expondo o ridículo de alguns anúncios pagos dos jornais da época. Uma das crônicas mais divertidas para mim é a 14, na qual ele satiriza o anúncio de um vinho que permitiria digerir sem estômago: o vinho do sr. Vindimila, que Machado define como "o Descartes da filosofia digestiva" (p. 158). O cronista termina esperando o dia que trará o Trintimila ou o Centimila, "que nos dê o meio de pensar sem cérebro. Nesse dia o vinho digestivo cederá o passo ao vinho reflexivo, e teremos acabado a criação, porque estará dado o último golpe no Criador" (p. 159). Mas as crônicas também revelam aqui e ali um tom mais elevado e, mesmo, sincero, em que o cronista manifesta admiração, opiniões e afetos aparentemente genuínos. Ele se mostra muitas vezes generoso e afetuoso em sua avaliações.  Alguns exemplos bastam. O cronista revela intensa admiração por D. Pedro II e pela família real. Diz na crônica 31: "Não é rei filósofo quem quer. Importa haver recebido da natureza um espírito superior, moderação política e verdadeiro critério para julgar e ponderar as cousas humanas. Sua Majestade possui esses dotes de alta esfera. Nele respeita-se o príncipe e ama-se o homem, - um homem probo, lhano, instruído, patriota, que soube fazer do sólio uma poltrona, sem lhe diminuir a grandeza e a consideração" (p. 242).  É também um admirador de figuras como Adolphe Thiers  (crônica 30): "Não havia mais um só degrau acima dele; chegara ao cimo" (p. 239); o rei Luís Felipe, "velho rei que deu à França 18 anos de paz, de prosperidade e de glória" (crônica 38 - p. 285); José de Alencar, que "ocupou nas letras e na política um lugar assaz elevado para que seu desaparecimento fosse uma comoção pública. Era o chefe aclamado da literatura nacional. Era o mais fecundo de nossos escritores. Essa imaginação vivíssima parecia exprimir todo o esplendor da natureza da sua pátria" (crônica 36, p. 271/272); Zacharias de Góes e Vasconcellos, "cujo talento se ligava às virtudes mais austeras" (crônica 37 - p. 276); o senador Tomás Pompeu de Souza Brasil, que "amou a liberdade e a liberdade lhe lançou na campa a última coroa" (crônica 31 - p. 244); o general Osório ("bravo e glorioso soldado"), Herculano e outros. Esse lado patriótico, generoso e afetuoso do autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas nos ajuda também a entendê-lo como homem de seu tempo. Machado tinha uma inteligência privilegiada e olho crítico para a realidade social e política de sua época. Mas aqui também mostra uma outra faceta, de alguém talvez menos cético, que admira intensamente a família real e algumas das principais figuras políticas do Segundo Reinado; que tem um olhar generoso para aqueles que tentam criar cultura; que é um entusiasta da instrução pública, pois, considera ele, "quem diz instrução pública diz futuro deste país" e "nossa constituição exige um povo que saiba ler" (crônica 34 - p. 262). Além das risadas e do prazer imenso proporcionado pela escrita genial de nosso autor maior, essas crônicas têm interesse histórico e preservam algo da enorme riqueza da obra machadiana, que nos desconcerta e nos ajuda a abraçar, com mais humanidade e humor, as incertezas, ambiguidades e precariedades da nossa condição ou, como ele diz, "da lei que rege esta máquina, lei benéfica, tristemente benéfica, mediante a qual a dor tem de acabar, como acaba o prazer, como acaba tudo" (crônica 33 - p. 256). Parabéns à editora da Unicamp, ao professor Leonardo Affonso e a todos os envolvidos nesse lindo projeto!

Gudema

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