Volume IV da História das Ideias Políticas de Voegelin: Renascença e Reforma Protestante
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Em seu quarto volume de História das Ideias Políticas, Voegelin estuda o início da modernidade na Renascença e na Reforma Protestante. Ele entende que esses movimentos marcaram o momento de desintegração da unidade temporal e espiritual da cristandade ocidental. Voegelin investiga a concepção de poder em Maquiavel que sugeria uma virtú própria do príncipe capaz de expulsar os invasores e restaurar a ordem italiana. Maquiavel defende uma moral própria da política, mas que se revela problemática por se fechar à transcendência. Em Erasmo e More, Voegelin encontra uma concepção de ordenação política racional. Erasmo sugere um príncipe asceta capaz de manter a ordem social para o bem do povo. More, por sua vez, inaugura uma escatologia intramundana revolucionária e critica a ambição social através de uma utopia sem propriedade privada. More, diferente de utopias posteriores, foi um idealista sem prática revolucionária. Em seguida, Voegelin discute a desintegração espiritual da cristandade por meio de movimentos espirituais do povo. Revoltas do povo se voltaram contra a instituição eclesiástica e espírito da integração cristã entre poder temporal e espiritual. Entre 1300 e 1500, a Igreja perdeu a capacidade de absorver os movimentos reformistas. Dos embates surgidos nesse período, ascende um império do intelecto que se torna autônomo da espiritualidade. Esse império só será confrontado por Nietzsche, posteriormente. Na última parte, Voegelin aborda a Reforma Protestante em Lutero e Calvino. Voegelin acusa os dois reformadores de "antifilosofismo", isto é, uma postura de interpretação bíblica à parte da tradição filosófica da Igreja. A Reforma liberou as forças represadas das mudanças institucionais e, devido ao antifilosofismo, desintegrou a ordem intelectual e espiritual. Voegelin faz muitas acusações simplistas contra Lutero e Calvino e também apresenta interpretações questionáveis sobre a teologia dos reformadores. Para ele, a doutrina da predestinação deveria ser entendida em termos filosóficos como uma analogia do saber de Deus. Voegelin parece escrever com certa ira contra os reformadores, demonstrando vários pontos não-acurados sobre o pensamento de Lutero e Calvino.
Anderson
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