As nuances do ser humano em Caetés
Recomendo
O olhar atento do velho Graça às nuances do ser humano, seus anseios e egoísmos, despontando no seu primeiro romance: Caetés, de 1933. A obra, composta entre os anos 1925 e 1928, depois revista em 1930, traz a marca pessoal de Graciliano: uma cidadezinha do interior alagoano, evidenciando em seus moradores as hipocrisias, fofocas e costumes da época. João Valério, literato fracassado às voltas com um romance intitulado "Caetés", é apaixonado por Luíza, moça casada com o velhaco Adrião. Personagens que fazem parte da vida da cidade frequentam o casarão antigo onde mora o casal, onde se dão embates, intrigas, fofocas – um microcosmo da própria cidade. Caetés, diante das outras grandes obras primas do velho Graça, é um romance simplório sem ser simplista. Nem o próprio Graciliano gostou dele e mesmo assim mandou ao seu editor. Caetés é o livro da cidadezinha do interior, com sua vida alimentada no fuxico cotidiano, pelo literato fracassado, pelo marido enganado, pelo farmacêutico sórdido, pelo médico complicado, pelo promotor imbecil, pelo padre ignorante, pelo beberrão, pelas beatas, pelo assassino inocentado e pelas mulheres histéricas. Em Caetés encontramos um ambiente onde vegeta uma sociedade insignificante, recriada por um dos mais importantes escritores da nossa literatura. Graciliano não deixa de se valer do cômico e da piada, por isso o leitor atento poderá dar uma risada ou outra em diversas passagens. É uma leitura prazerosa e interessante, mas está longe de ser meu favorito. – SOBRE A EDIÇÃO: Além da capa dura, a edição comemorativa contém ampla fortuna crítica, com mais de cem páginas, incluindo textos de Jorge Amado e José Lins do Rego, posfácios e vida e obra do autor.
Junior
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