Dostoiévski: conheça 10 livros do autor de Crime e Castigo
Selecionamos os 10 melhores livros de Dostoiévski, o autor de Crime e Castigo.
Fiódor Dostoiévski é um dos escritores mais admirados do mundo. As muitas dificuldades de sua vida encontraram reflexo em seu trabalho, ajudando-o a criar personagens memoráveis que juntos formam uma imagem fiel da Rússia do século XIX.
Ele apresenta ao leitor figuras marginalizadas e invisibilizadas, mas que, na verdade, representavam a maioria das pessoas da sociedade russa czarista. A compreensão da vida de um ser humano sem voz foi o modo como escritor pintou um retrato psicológico de seu país, trazendo à tona questões que permanecem importantes.
Conferira as sugestões aqui embaixo!
Em Crime e Castigo uma compreensão sobre o sentimento de culpa é abordada
Um dos livros mais celebrados no mundo todo, Crime e Castigo trata das grandes tragédias humanas. A história de um homem pobre que comete um crime para sobreviver, mas depois luta com algo maior do que a pobreza: culpa extrema.
Ao longo do caminho, o leitor encontra algumas das criaturas mais baixas e lamentáveis que habitam as ruas de São Petersburgo. Isso porque a realidade da maioria da população da Rússia czarista do século XIX era cercada pela pobreza e pela miséria.
Conforme definido pelo próprio Dostoiévski, o romance é uma obra psicológica, já que explora comportamentos patológicos dos seres humanos, além de ir fundo nas questões sobre os limites da moral e das leis.
Ficha técnica do livro Crime e Castigo:
- Editora: Martin Claret
- Número de páginas: 596
- Primeira publicação: 1866
O Idiota é para refletir sobre a bondade
Se você já sentiu que não há bondade suficiente no mundo, então certamente é hora de ler O Idiota. O personagem principal, Myshkin, é um dos mais gentis e bondosos da literatura, preso a um mundo imperfeito de pessoas cínicas e desonestas.
Epiléptico, ele acaba de voltar de um tratamento na Suíça. A compaixão de Myshkin chega a espantar o leitor, que começa a se perguntar aquilo que é um dos maiores dilemas da humanidade: vale a pena ser bom?
Configura-se O Idiota como uma das maiores obras primas da literatura mundial por despertar questionamentos importantes da natureza humana em uma narrativa arrebatadora. É um livro longo, mas muito prazeroso.
Ficha técnica do livro O Idiota:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 688
- Primeira publicação: 1869
Os Irmãos Karamázov lida com os dilemas que a religiosidade apresenta à sociedade
O romance é o trabalho final de Dostoiévski - completado dois meses antes da morte do escritor. O enredo é complicado e explora questões desafiadoras, como liberdade, religião e ética.
Como alguns críticos sugerem, é um reflexo das diferentes etapas da vida do escritor, representadas pelos três irmãos. A narrativa é entrelaça uma história de assassinato, amor e questões sociais. É muito mais do que um mistério de um crime, é colocar em choque visões de mundo opostas.
Para ler este clássico não pode ter preguiça: são mais de mil páginas! Mas o trabalho – muitas vezes prazeroso – é compensador por explorar um dos temas mais presentes na nossa sociedade: o conflito entre a fé e a dúvida.
Ficha técnica do livro Os Irmãos Karamázov:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 1040
- Primeira publicação: 1880
O Duplo é um romance para quem já se sentiu deslocado
Esse romance é quase como uma viagem exploratória à psique humana. Seu segundo romance, publicado em 1846, apresenta Yákov Pietróvitch Golyádkin, protagonista de O Duplo, mas que poderia ser qualquer trabalhador russo do século XIX: funcionário público condenado à burocracia, sem nenhuma expectativa de crescimento na carreira, hesitante até para proferir a frase mais banal, terrivelmente solitário e problemático.
Até que, no meio de sua rotina tediosa, Golyádkin encontra um homem igual a si, que compartilha as feições, as manias, o nome e a ocupação do original. Mas sua cópia parece acertar sempre onde ele erra, o que deixa Golyádkin – o original – transtornado.
Ao mesmo tempo em que é cômico e prazeroso, o livro deixa o leitor tão agoniado quanto o personagem. Uma ótima pedida para quem se interessa por questões psicológicas que perpassam a nossa vida cotidiana.
Ficha técnica do livro O Duplo:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 256
- Primeira publicação: 1846
Os Demônios faz uma reflexão sobre a militância política
Os Demônios é considerada uma de suas obras mais politizadas. O enredo é baseado na história do assassinato de um estudante chamado Ivan Ivanov, supostamente cometido por membros de um círculo revolucionário.
O romance foi um reflexo dos crescentes movimentos radicais entre a intelligentsia (classe dos intelectuais da Rússia, considerada vanguarda política) e os primeiros sinais do terrorismo. O trabalho é um reflexo dos pensamentos de Dostoiévski sobre a parte militante da sociedade de seu tempo e uma reflexão sobre sua participação nos círculos do livre-pensamento.
O livro é fundador das bases do pensamento existencialista, servindo de inspiração para filósofos como Jean-Paul Sartre e Albert Camus.
Ficha técnica do livro Os Demônios:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 704
- Primeira publicação: 1872
Memórias do Subsolo é leitura obrigatória para quem busca entender a filosofia existencialista
Memórias do Subsolo é um romance pequeno, mas grandioso ao condensar em poucas páginas grandes questões da existência humana. Através de um narrador sem nome, solitário e ranzinza, Dostoiévski cria o monólogo intenso de alguém que não vê em sua existência sentido algum.
Criando as bases para o pensamento filosófico niilista, o narrador-personagem se posiciona contra tudo e contra todos, mas acaba pela busca de redenção através da culpa – sentimento muito explorado pelo autor em diversas obras.
Apesar de curta, não é uma leitura fácil. A obra tem uma forte carga filosófica, é carregada na dramaticidade e a todo tempo permeada por metáforas. Mas, para quem se interessa por filosofia, essa pode ser uma boa introdução aos pensamentos da corrente existencialista.
Ficha técnica do livro Memórias do Subsolo:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 152
- Primeira publicação: 1864
Um Jogador é para os que já se viu com pouca grana
Ironicamente, esse romance foi escrito por dinheiro. Devido à uma dívida onerosa de jogo, o escritor fez um contrato para concluir o trabalho de Um Jogador em um período muito curto de tempo. A base do romance foi a ideia de descrever o estado psicológico que acomete uma pessoa envolvida no jogo.
Infelizmente, para Dostoiévski, suas perdas no jogo se repetiram logo depois e, a partir de então, ele fez uma promessa para que sua esposa nunca voltasse a jogar.
Ficha técnica do livro Memórias do Subsolo:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 232
- Primeira publicação: 1866
Gente Pobre aborda a situação de pobreza na Rússia czarista
Primeiro romance de Dostoiévski, escrito quando tinha apenas 25 anos, marca o início da carreira de um gênio atormentado. O livro conta a história de um humilde funcionário público e uma costureira que trocam cartas entre si, dividindo sentimentos, sonhos e tristezas.
Sentimental na superfície, é uma crônica social de grande profundidade, mostrando os diversos problemas que acometiam os moradores de São Petersburgo, como a habitação, a comida e o vestuário.
É uma crítica social contundente à uma sociedade que ignora a população em situação de pobreza e marginalização. Um livro curto e de fácil leitura, revelador do estilo introspectivo e psicológico que o autor passou a desenvolver ainda mais em suas obras posteriores.
Ficha técnica do livro Gente Pobre:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 192
- Primeira publicação: 1846
Humilhados e Ofendidos é para conhecer melhor os percalços da vida de Dostoiévski
A ideia de começar a escrever este romance chegou a Dostoiévski quando ele se mudou para São Petersburgo, depois de ter passado um tempo no exílio. Até certo ponto, o romance é autobiográfico e é contado do ponto de vista de um jovem escritor, Vanya, que está lutando para ganhar a vida na década de 1840.
Nas páginas do romance, São Petersburgo torna-se um livro aberto, e muitos detalhes precisos da vida do personagem fazem a cidade ganhar vida, semelhante às obras de outros escritores do século XIX, como Charles Dickens.
Ficha técnica do livro Humilhados e Ofendidos:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 416
- Primeira publicação: 1861
O Eterno Marido, um romance repleto de tensões até a última página
Como um grande explorador das questões psicológicas da humanidade, Dostoiévski não decepciona ao tratar da traição conjugal e dos dilemas e sentimentos que surgem com a infidelidade. O enredo de Eterno Marido começa quando um homem atende a uma batida na porta do meio da noite, e se surpreende ao encontrar o marido de uma antiga amante.
Porém, ele ainda não sabe se o seu caso foi descoberto e, por isso, cria-se um clima de tensão e expectativas que mexe com a ansiedade de qualquer um. É uma narrativa arrebatadora e que não deixa de fora uma profundidade filosófica e socialmente contestadora – até porque não poderíamos esperar nada diferente de um livro de Dostoiévski.
Ficha técnica do livro O Eterno Marido:
- Editora: Editora 34
- Número de páginas: 216
- Primeira publicação: 1870
Conhecendo o autor
Fiódor Mikhailovich Dostoiévski nasceu em Moscou, na Rússia, em 1821. Sua história é cercada de episódios turbulentos, como a morte precoce dos pais, problemas financeiros e ataques epiléticos. Após lançar suas primeiras obras, engajou-se na luta da juventude democrática russa pelo combate ao regime autoritário do Tsar Nicolau I.
Em São Petersburgo, dedicou-se integralmente à escrita, produzindo seis grandes romances, entre os quais suas obras-primas Crime e Castigo (1866), O Idiota (1869) e Os Irmãos Karamazóv (1880). Tais livros serviram como o reflexo de uma era turbulenta na história russa, quando a política radical que viria a dominar o século XX lutou com um intenso cristianismo ortodoxo pelos corações e mentes de um país polarizado.
É um dos pais do existencialismo, escola literária e filosófica que defende a liberdade individual, subjetividade e responsabilidade do ser humano. Morreu em 1821, em decorrência da epilepsia.
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