Logo Buscapé
Logo Buscapé

Uma pessoa morre sob circunstâncias estranhas, um detetive genial é convocado para solucionar o mistério. Muitos leitores já foram capturados por esse enredo clássico de romances policiais, mas o que alguns talvez não saibam é que essa fórmula que prende quem está lendo pela curiosidade - às vezes tão bem que os livros costumam parar na lista de mais vendidos – não existiria da forma como conhecemos se não fosse um nome: Agatha Christie.

A “rainha do crime”, como é intitulada, atravessou a porta aberta pelo Assassinatos da Rua Morgue de Edgar Allan Poe e seguiu o caminho trilhado pelas histórias do detetive Sherlock Holmes escritas por Arthur Conan Doyle, ajudando a ditar as regras da literatura policial com seus investigadores carismáticos, cenas de crime que não são o que aparentam e muito blefe. Um sucesso, sua contribuição para o gênero rendeu 66 romances, 14 coletâneas e o posto de autora mais publicada do mundo depois de William Shakespeare e da Bíblia.

Gosta de romances policiais, quer saber mais sobre a mente por trás de E Não Sobrou Nenhum e suas tramas engenhosas? Então confira nossa lista de 10 livros escritos pela “rainha do mistério”.

Conhecendo a autora

“Quero ser lembrada como uma boa autora de romances policiais.” Agatha Christie compartilhou em uma entrevista poucos anos antes da sua morte em 1976. O que Agatha Mary Clarissa Christie não imaginava é que ela não só ia ser vista como uma das melhores escritoras do seu gênero, mas a romancista mais traduzida e vendida de toda a literatura – ela já vendeu pelo mundo, pasmem, mais de 3 bilhões de cópias e pode ser lida em pelo menos 103 idiomas!

Pretensões que não estavam nos sonhos da jovem nascida no final do século XIX na cidadezinha de Torquay, na Inglaterra, e que em um dia de 1916 foi desafiada pela irmã a escrever uma história de detetives. Construiu uma carreira de mais de 50 anos com direito a 80 livros publicados, de romances a peças de teatro, a maioria dedicada ao suspense. Christie também se arriscou fora da sua zona de conforto e se debruçou sobre dramas familiares em seis obras publicadas sob o pseudônimo de Mary Westmacott.

O título de “rainha do crime”, porém, não veio à toa. Agatha Christie transformou o mistério em sua matéria-prima e ajudou a consolidar as características dos romances policiais graças a sua habilidade de tecer tramas, caracterizar vítimas e culpados e construir reviravoltas.

Em O Misterioso Caso de Styles, nasce a ‘Rainha do Crime’

Uma casa de campo na Inglaterra, a morte de uma de viúva dona de uma polpuda herança e familiares que lucrariam com a fatalidade. É difícil alguém não ter esbarrado nessa premissa seja na literatura, cinema, na televisão ou até nas manchetes de jornais sensacionalistas. Antes de ser cliché da cultura pop, Agatha Christie explorava esse argumento para cumprir a aposta com sua irmã Margaret de que ela não conseguiria escrever uma boa história de detetives.

A resposta ao desafio é O Misterioso Caso de Styles, publicado em 1920, que não só inaugurou a carreira da “rainha do crime”, como trouxe para os romances policiais um dos investigadores mais queridos do gênero: Hercule Poirot. Na sua estreia, o notório detetive belga de bigode engraçado que se orgulha do bom uso que faz de suas “pequenas células cinzentas” é convidado a investigar a morte da proprietária do casarão de Styles e ele tem que descobrir se o falecimento foi natural ou provocado por alguém.

Um encontro marcado com o suspense em Convite Para Um Homicídio

Poirot não foi o único detetive saído da cabeça de Agatha Christie. A escritora inglesa não teve apenas o trunfo de fazer sucesso com os crimes mirabolantes investigados pelo seu afetado ex-agente do serviço secreto, mas também por Miss Marple, uma simpática senhorinha que por trás da aparência pacata tem a habilidade de encontrar a solução para os mais complexos mistérios por conta de seu raciocínio afiado e de seu conhecimento profundo da natureza humana.

Convite Para um Homicídio, publicado em 1950, tem um dos casos mais intrigantes que exigiram do talento da detetive amadora de Christie. Em uma manhã no vilarejo de Chipping Cleghorn, uma mensagem no jornal local convida todos os moradores a assistir a um assassinato que acontecerá na casa de uma das famílias da região. Acreditando se tratar de um jogo, os convidados comparecem na hora e endereço marcados, mas, para sua surpresa, de fato acabam testemunhando a morte de alguém. Cabe à Jane Marple ajudar a polícia a encontrar o culpado e provar para o leitor que, nas histórias da romancista mais vendida de todos os tempos, nada é o que parece ser.

Mistério, luto e mergulho psicológico em Punição para a Inocência

Com a quantidade de material que a “rainha do crime” produziu em mais de meio século de trabalho, seria difícil não experimentar diferentes abordagens em seus romances policiais. É o que acontece em Punição para a Inocência, publicado em 1958, livro que subverte o que esperar de uma narrativa clássica de Agatha Christie.

Tanto quanto tramar um mistério instigante, nesta obra, uma das que a inglesa ficou mais satisfeita em ter escrito, ela quer fazer um mergulho no psicológico de seus personagens. Esqueça os detetives excepcionais. No lugar das peculiaridades de Poirot e Marple, Christie dá lugar ao ressentimento de um homem que começa uma investigação após descobrir, tarde demais, ser peça importante para solucionar um caso de homicídio.

Quem matou o assassino? Grandes reviravoltas em Assassinato no Expresso do Oriente

Uma das grandes vontades de Agatha Christie era viajar no Expresso do Oriente, uma luxuosa via férrea que, no século passado, conectava as capitais da França e da Turquia. A “rainha do crime” não só realizou o seu desejo como transformou a mitológica comitiva no palco do caso mais célebre investigado por Hercule Poirot: Assassinato no Expresso do Oriente, publicado em 1934.

O genial detetive está a bordo do trem que transporta representantes da alta sociedade quando a viagem é interrompida por causa de uma nevasca. Horas depois, um dos passageiros, um magnata americano, é encontrado morto a facadas. Com um crime diante de seu bigode, resta a Poirot tentar encontrar o culpado que pode ser qualquer um dos figurões com quem ele está obrigado a ficar confinado enquanto o Expresso do Oriente não segue seu trajeto.

Considerado uma das obras-primas da autora, o livro carrega uma das tramas mais engenhosas saídas da cabeça de Agatha Christie. Mesmo escritas há mais de 70 anos, as reviravoltas de Assassinato do Expresso do Oriente continuam a nocautear o leitor com as suas surpresas.

Vamos ver se você descobre o final de O Assassinato de Roger Ackroyd

Por falar em reviravoltas, Agatha Christie causou controvérsia com o final do seu romance publicado em 1926, O Assassinato de Roger Ackroyd. Terceiro título da autora a protagonizar Poirot, nesta história o detetive passa um tempo aposentado plantando abobrinhas na pacata vila fictícia de King’s Abbott, quando um dos moradores, Roger Ackroyd, é morto. O investigador, então, se reúne com o médico local e narrador da história, o Dr. James Shephard, para solucionar o mistério.

Considerado pela associação dos escritores ingleses de romance policial - a Brittish Crime Writers Association – como a melhor obra do gênero já publicada, o livro brinca com artifícios narrativos para desviar o leitor do culpado e surpreendê-lo. Será que você vai adivinhar quem é o assassino?

Agatha Christie brinca de ser personagem em A Noite das Bruxas

Uma escritora de meia-idade, bem-sucedida, criadora de histórias policiais protagonizadas por um detetive estrangeiro. Poderia ser a própria Agatha Christie, mas é uma das personagens recorrentes de suas histórias, Ariadne Oliver. O alter-ego da “rainha do crime” é uma das figuras centrais de Noite das Bruxas, um dos livros que autora lançou nos anos finais de sua carreira.

A escritora fictícia, amiga de Hercule Poirot, costuma usar a sua experiência na escrita de histórias de crime para dar palpites na solução dos casos mirabolantes investigados pelo belga. É o que acontece quando Ariadne convoca o amigo para apurar a morte de uma adolescente durante uma festa de Dias das Bruxas na qual ela estava presente. Fato por si só assustador, mas ainda mais estranho por a menina ter confessado que na infância, sem ter se dado conta, havia sido testemunha de um assassinato.

Desse enigma, o leitor tem a oportunidade de acompanhar não só a resolução de mais um caso extraordinário, mas conhecer o que Agatha Christie tem para falar, através de Ariadne Oliver, sobre a arte de escrever mistérios.

A Mansão Hollow, mais um mistério nas casas de campo

Pessoas reunidas em um local específico que passam a ser assassinas em potencial é um ingrediente clássico na obra de Agatha Christie. Um dos cenários que esses encontros costumam acontecer são os chalés de veraneio da classe alta na zona rural, característica que gerou uma linha nos livros de romance policial conhecida como “country house mistery” – mistério nas casas de campo. É caso de A Mansão Hollow, publicado pela primeira vez em 1946.

Nele Poirot é convidado a almoçar com os hóspedes de um casarão desse tipo, o The Hollow, mas se surpreende quando encontra a cena de um crime que parece encenada para que ele a assistisse. Frente a essas estranhas circunstâncias, o detetive passa a investigar os segredos que os seus anfitriões escondem e as relações complicadas que mantêm.

A morte também pode vir Depois do Funeral

Uma mansão também é palco de mistério em Depois do Funeral. O milionário Richard Abernathie, proprietário de uma enorme casa vitoriana no estilo neogótico e dono de grandes rendimentos de uma empresa de produtos para calos, falece deixando seus herdeiros ansiosos para saber que fatia do espólio irão abocanhar. Antes da leitura do testamento, porém, a irmã do morto dá aos familiares a chocante informação de que ele não morreu de causas naturais e, no dia seguinte, a própria aparece morta.

Hercule Poirot mais uma vez entra em ação em um caso que chama a atenção para a habilidade da “rainha do mistério” de conceber complexas árvores genealógicas e intrigas familiares. Outro aspecto interessante dessa obra, publicada pela primeira vez em 1953, é o comentário de Agatha Christie sobre o pós-guerra e os impactos do conflito para a sociedade inglesa.

E Não Sobrou Nenhum, o suprassumo da ‘Rainha do Crime’

Romance policial mais vendido da história. Um dos livros mais vendidos do mundo. Em 2015, foi escolhido pelo público como a obra-prima da “rainha do crime”. Falar de Agatha Christie também é pensar em E Não Sobrou Nenhum, publicado em 1939, seu trabalho mais ousado que trouxe novos elementos à forma de contar histórias de mistério.

Dez pessoas são convidadas por anfitriões misteriosos a se hospedar em uma mansão localizada em uma ilha deserta na costa do condado de Devon, na Inglaterra. Os motivos que as trazem ali são os mais diversos, de oferta de emprego a viagem de férias, mas algo as liga: a morte. Aos poucos, uma a uma passa a ser assassinada sem saber nem por que, nem por quem. Não há detetives para solucionar os crimes, eles mesmos terão que descobrir a razão de terem sido levados para ali.

“Era tão difícil de escrever, que a ideia me fascinava”, uma vez confessou a escritora inglesa sobre sua obra. Ainda bem que ela não deixou se abalar pelos obstáculos de tirá-la do papel e criou um clássico absoluto da cultura pop – quem nunca leu um livro ou assistiu a um filme que parte dessa mesma premissa? –, provando-se como mestre na construção de mistérios bem intrincados e reviravoltas arrebatadoras.

Cai o Pano, últimos aplausos a Hercule Poirot

Agatha Christie faleceu em 1976, aos 85 anos, mas antes de deixar o mundo ela pode dizer adeus a seu querido detetive em Cai o Pano. Assim como os anos chegaram para a “rainha do crime”, eles também vieram para Hercule Poirot que, no fim da vida, como sua criadora, decide investigar o seu último mistério, um assassino em série que está matando sem deixar rastros no mesmo lugar em que o investigador belga solucionou seu primeiro caso, o casarão de Styles.

A história foi escrita mais de 30 anos antes de sua publicação e ficou trancada em um cofre por a autora temer pela sua vida durante a Segunda Guerra Mundial. É um desfecho nostálgico para os que acompanharam – e acompanham – por tantos anos as aventuras do detetive excêntrico de bigodes pontudos.

Leia também:

especialista

Ainda está na dúvida? Nossos especialistas em produtos estão prontos para te ajudar!