Uma paródia da classe alta – uma deliciosa comédia de Oscar Wilde
Recomendo
Quem são as pessoas em A Importância de Ser Prudente, sua melhor peça? Quem elas querem ser, e como a identidade que escolhem afeta-as na escolha de um cônjuge? De um modo geral, as personagens são jovens, não comprometidas, que olham para o futuro. Elas têm a capacidade de se autodefinir: Jack não sabe nada sobre o seu passado; Algernon não consegue lembrar como seu pai era e diz que não está em condições de falar; Cecily é uma órfã, que cria para si um diário cheio de eventos fictícios. Jack e Algernon estão prontos para mudar seus nomes. Apenas Gwendolen tem um forte vínculo com o passado (ie, com Lady Bracknell). Com exceção talvez de Gwendolen, esses personagens poderiam escolher recriar-se de uma forma única e nada convencional. Mas eles não o fazem. Segundo Wilde: se você der a uma pessoa a oportunidade para inventar a si mesmo, ela vai escolher ser exatamente quem ela deveria ser, conforme as regras sociais. Que alívio, não vivemos na Inglaterra vitoriana; não há regras no Brasil – essa é uma terra livre! Seja quem você quiser. Realmente? Não há expectativas? Não há regras tácitas? Nenhuma oportunidade de decepcionar sua família com suas escolhas - de escola, de carreira, de parceiro romântico? Talvez existam expectativas e regras depois de tudo. Em suma, a questão quanto controle temos sobre a nossa identidade - e qual caminho isso nos leva – é ainda hoje incrivelmente relevante para nós. Wilde, parodia a classe alta ao ponto de seu integrantes se tornarem crianças em meio a folguedos. Por fim, deixo para o leitor um maravilhoso diálogo da peça que revela o gênio de Wilde: Lady Bracknell (Puxa o relógio). Vamos querida. (Gwendolen levanta-se). Já perdemos cinco ou seis trens. Perder outros pode provocar comentários a nosso respeito na plataforma.
Paulo
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