Claustrofóbico, opressivo e visceral!!
Recomendo
Como viver com algo corroendo suas entranhas durante anos? Esta é a pegada de Melaine Raabe em Armadilha. Se o leitor aceitar caminhar por esta trilha, entrará em uma viagem alucinante entre a realidade e a ficção, permeando os limites estreitos, quase imperceptíveis, da loucura. Esta é a realidade de Linda Conrads, que um dia foi visitar a irmã mais nova e a encontrou morta em seu apartamento. Linda tem certeza que viu o assassino fugindo, mas não havia prova suficiente e ele nunca foi encontrado. O choque da morte de sua irmã mudou a vida de Linda, ela se isolou de tudo e de todos, se tornou uma escritora de sucesso, mas vive em total isolamento, seus únicos contatos são seu editor, sua assistente e seu cachorro Bukowski. Tanta ansiedade fez Linda adquirir agorafobia, que a impede de sair da proteção da sua casa, um casarão ermo à beira de um lago, nos arredores de Munique. Doze anos após aquele fatídico dia, Linda depara com o assassino em um noticiário de TV, ele tornou-se um renomado jornalista internacional, Victor Lenzen. Diante da visão daquele rosto Linda precisa agir, mas como se ela não consegue se aproximar da porta? Só lhe resta agir com suas próprias armas para provocar um encontro: um livro, seu grande trunfo. Linda escreve pela primeira vez um policial, fugindo do seu estilo literário, que logo se transforma em um best seller. O livro, uma suposta ficção, conta a história do assassinato de sua irmã, e a autora declara que só dará entrevista à Victor Lenzen, o suposto assassino. Será que a obsessão tomou conta de Linda durante todos estes anos e ela está equivocada? A solidão pode estar lhe pregando uma peça? Melaine Raabe trabalha com uma linha bem tênue entre a realidade e o imaginário da protagonista, o caminho é dúbio e faz o leitor adentrar ao ápice da trama tentando descobrir se Victor é uma vítima ou o real assassino. Para auxiliar nesta investigação o leitor acompanha outro livro dentro de Armadilha, o livro de Linda, um complementa o outro. A premissa é muito intrincada, ora o leitor se sensibiliza com Victor, ora com Linda e a convicção sobre a culpa de Victor e a sanidade de Linda começam a ruir. A história é narrada por Linda, mas logo o leitor percebe que a narradora não é confiável porque ela própria não acredita em seus pensamentos. Linda sofre constantes ataques de pânico, surta ao ouvir uma determinada música dos Beatles, não é alguém com lucidez suficiente para ser levada em conta. Mas a armadilha está pronta, com câmeras, gravadores e a vontade de Linda em vencer Victor. Altamente recomendado!!
Milu
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