Vale mais pela envergadura do autor do que pelo conteúdo propriamente dito
Recomendo
Dica de leitura de hoje. Nota: 8.0. Pessoalmente não é o tipo de clássico que me agrada. Li muito mais pelo renome do que pelo contexto ou enredo do livro em si. As confissões de Agostinho de Hipona inauguram um tipo único de literatura até então: uma autobiografia (a 1a que se tem notícia) com um tratado de teologia. O grande mérito de Agostinho, platônico que foi, é tornar a fé mais racional, reconhecer que apenas a fé não basta, mas que ela deve estar acompanhada da razão. Boa parte do livro tem este objetivo. Ademais, o livro retrata muito da vida do autor (afinal, não nos esqueçamos que é uma autobiografia), mostrando que até mesmo uma figura da envergadura de Agostinho é "gente como a gente" na vida real, com uma vida normal, repleta de erros, de receios, arrependimento e mudanças. Diferente do que se possa esperar de um "figurão" da igreja, Agostinho mostra uma postura muito humilde, demonstrando e reconhecendo seus erros, sem querer pagar de "santo". Esse ponto chama especial atenção. Além disso, a forma como Agostinho conversa com Deus apenas reforça a simplicidade que é a conexão com o Criador, sem necessidade de complexas estruturas, misticismos ou intermediários. Papo reto, simples e direto. Quem não sabe orar ou como se achegar com Deus, terá muitos insights na leitura. Fato que me chamou demais a atenção é que, para um livro escrito no seculo IV, a redação é muito boa, de uma leitura extraordinariamente simples (guardadas as devidas proporções). Quanto ao conteúdo, basicamente nos livros I ao X temos a autobiografia do autor, e do XI ao XIII uma leitura mais religiosa, voltada à interpretação do 1o livro da Bíblia: o Gênesis. Leitura um pouco arrastada, mas vale o desafio pela envergadura da obra e do autor. Obra com 414 páginas, lidas em 41 dias. Vale o desafio. Leia.
André
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