Não agrada o iniciante, e provavelmente tampouco o especialista
Não Recomendo
Boa encadernação. Algumas das avaliações relatam o problema de páginas faltantes, mas o meu exemplar veio em perfeito estado. Quanto ao conteúdo: 1) ele não foi até hoje atualizado para a nova ortografia do português, o que é um tanto desapontador (o acordo tornou-se obrigatório em 2016). "Lingüística", por exemplo, continua tendo trema. O fato da edição ser de 2012 não impediria uma reimpressão com o novo acordo ortográfico; 2) a questão da ortografia seria irrelevante se o conteúdo valesse a pena. Porém, para um dicionário, os verbetes têm discussão muito longa, o que irá seguramente desanimar e não esclarecer o iniciante em filosofia, e como a discussão reflete a visão do autor do verbete, provavelmente também não irá agradar o especialista no tema do verbete. Por exemplo, o verbete "dialética" tem seis páginas (quase 12 colunas!). Duvido que quem o ler entenderá alguma coisa da dialética no marxismo, por exemplo, porque o verbete esbanja citações, não raro puxando a sardinha para autores italianos, mas se perde no objetivo de dar uma ideia minimamente precisa, didática e geral, para quem está começando a estudar o assunto. Outro exemplo é o verbete "indução", que repete visões incorretas sobre esse tipo de inferência lógica e sequer menciona avanços que já têm mais de 70 anos a esse respeito. Assim, a obra não é um dicionário, é na verdade uma mini-enciclopédia, que confunde o iniciante e não satisfaz quem já conhece mais a fundo o tema de um dado verbete. Em resumo: eu não recomendo. Comprei junto com esse dicionário do Nicola Abaggnano o da Zahar, de Hilton Japiassú e Danilo Marcondes, que é mais barato e melhor, provando que verborragia e erudição não são sinônimos de qualidade. Apesar de eu não gostar do livro de introdução à filosofia do Marcondes, que é best-seller porque usado nas escolas de segundo grau e em algumas universidades, o dicionário é muito bom. Prático, objetivo, definições enxutas, feitas para o iniciante ou para quem está fazendo pesquisa e precisa saber, por exemplo, qual a diferença entre "ética" e "moral" sem perder muito tempo com informação duvidosa ou com a genealogia do conceito. Quem quer se aprofundar em um tema, não vai estudar em dicionário, até porque quem for estudar nos verbetes gigantes do Abbagnano, ficará mais confuso do que esclarecido.
C.
• Via Amazon