A gesta de Eneias segundo o Pai do Ocidente
Recomendo
A Eneida é um épico lindo, cheio de significado. Virgílio coroou sua poesia com esta obra magnífica. Gostei muito dessa edição da Editora 34, que conta com uma extensa e abrangente introdução, bem como com inúmeras notas de rodapé. A diagramação está muito boa, e a fonte é de um ótimo tamanho. O maior problema com esse volume, e aqui já fica um conselho, é o seu tamanho. Dificilmente se poderá levá-lo para outros lugares sem o danificar. Ademais, lê-lo sem o suporte de uma mesa pode ser cansativo. A capa é de brochura, mas, apesar disso, não é de mal feitura. Pensei que teria de estragar a lombada para completar o livro, mas ela está surpreendentemente intacta. Quanto à tradução, é a única que busca seguir a métrica original. Não vou mentir, o texto não é fácil ou pueril. Contudo, as notas dão conta de explicar os diversos artifícios linguísticos, como uso de arcaísmos e regionalismos, de que o tradutor, bem erudito, utilizou para a adequação métrica de seus versos. Os textos antes de cada livro (os cantos ou capítulos do poema) são extremamente úteis para a compreensão de trechos mais complicados. Sobre a leitura, depois de ler, eu recomendaria fortemente aos próximos leitores que leiam devagar. Por várias vezes a precipitação vai remover todo o sublime que há no texto, tornando-o vazio para o leitor. Quando me propus e forcei a lê-lo com vagareza e com esmero, atravessei sem esforço, rapidamente e de olhos pregados nas palavras umas quarenta páginas. Isso não é pouco, não numa leitura assim, pelo menos para mim. Outra dica que dou é quanto às notas, que, a meu ver, às vezes devem ser completamente ignoradas. A tentação do leitor é lê-las todas assim que as encontre. No entanto, isso trava bastante a leitura. São muitas e muitas vezes não valem a pausa do texto propriamente dito. Isso ocorre por exemplo quando a nota comenta lapsos do tradutor e das edições anteriores. Enfim, o conselho é só ler as notas se achar necessário. Algumas irão se repetir, como as explicações de certos vocábulos, e elas com o tempo perderão a importância. Também as notas que explicam a geografia, principalmente italiana, tornam-se enfadonhas. Depois de ler, perguntou-me se realmente vale a pena lê-las. A última dica é quanto à edição propriamente dita. Caso o meu leitor não estude latim e não o queira fazer, não acho que valha a pena a aquisição desta edição bilíngue. A Editora 34 possui uma versão de bolso somente com a tradução. Além de mais compacto e mais fácil de transportar e manusear, é consideravelmente mais barata. A essas pessoas recomendo essa edição de bolso. Enfim, o livro é fantástico e com certeza vale a pena, seja a versão de bolso ou esta bilíngue.
Vinícius
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