Prata sem brilho ainda é prata.
Recomendo
De todas as avaliações feitas, a do Luiz SSB abaixo foi a que mais me marcou na escolha por ler, ou não, esse livro. Tendo lido num momento em que eu mesmo imprimia minha jornada do Louco, foi bastante interessante e visceral. Entretanto, se puder lançar mão da metáfora, esse livro é prata embaçada. Ainda é metal precioso, mas precisaria de um trato pra ser brilhante. Existem muitas partes desnecessárias, em sua grande parte nos diálogos: há uma parte toda em russo que passa totalmente batida, a menos que você leia em russo. Como foi feita em outra parte, se quisesse se manter essa estética, seria legal uma nota de fim com a tradução. Outra parte bastante irritante é a da Imperatriz, uma personagem incrível se não fosse o cacoete de falar "c'est bien?", que é mais do autor que da personagem (francesa que é, usaria "d'accord", não "c'est bien"). Acredito que essas partes com o uso de outros idiomas perdem um pouco a linha narrativa e mostram uma erudição desnecessária, chegando ao limite de corvos usarem uma expressão em inglês. A despeito desses cacoetes, a história é ótima. Sério mesmo: supera as partes que o autor escorrega e você tem uma história incrível. Na minha opinião, se não fosse esse efeito idiomático e os problemas decorrentes do efeito europeizante - algo que a Chimamanda Adichie fala muito bem em "O perigo da história única" - teríamos sem dúvidas uma das melhores histórias envolvendo Tarô que já li. Torço para esses problemas serem resolvidos para o livro 2, e que o personagem principal tenha mais experiências no Brasil - a despeito de ser brasileiro, foi o cenário menos explorado entre os disponíveis no livro; Paris foi descrita, em contrapartida, com uma genialidade que dá até saudade em quem já esteve lá. Prata sem brilho, mas ainda prata: tem tudo para brilhar muito nas continuações previstas.
Emanuel
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