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Ficha técnica

Informações Básicas

ISBN9788573029550
ISBN-108573029552
TítuloO Safári da Estrela Negra
AutorTheroux, Paul
EditoraOBJETIVA
GêneroLiteratura EstrangeiraBiografias e Memórias

Descrição

O menor preço encontrado no Brasil para O Safári da Estrela Negra - Theroux, Paul - 9788573029550 atualmente é R$ 72,20.

Avaliação dos usuários

4.9

9 avaliações

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Historia

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Muito bom!

Cliente

• Via Amazon

Do Cairo ao Cabo

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Heresia suprema para quem gosta de livros e viagens como uma união necessária: eu nunca tinha lido Paul Theroux. O escritor americano nascido em 1941 é uma espécie de mentor filosófico de viajantes há mais de 40 anos. É dono de pelo menos uma dúzia de livros de viagens, além de romances, que têm influenciado gerações de pretensos seguidores desde o lançamento de “O Grande Bazar Ferroviário”, obra que revelou seus percalços a partir de Londres, passando pelo Oriente Médio, Índia até chegar ao Sudeste Asiático e regressar a Europa pelo Transiberiano. É possível esse currículo tenha me afetado de forma negativa, talvez até em um nível subconsciente fazendo com que eu simplesmente o ignorasse. O mais provável é que meu velho preconceito contra sumidades tenha falado mais alto. Para que, afinal, ler um livro desses – perguntava a mim mesmo –, afinal, impressões são só impressões e de nada valem se eu não posso conferi-las pessoalmente. De alguma maneira, porém, “O Safári da Estrela Negra” pousou no meu colo. Só aí percebi o tempo que havia perdido. Encontrei o estilo de Theroux em sua plenitude, transbordando observações sarcásticas, honestas e apaixonadamente mau humoradas e preconceituosas, sem a mínima intenção de fazer média com quem quer que seja ou de parecer politicamente correto. A viagem que deu origem ao livro ocorreu em 2002, quando, à beira dos 60 anos, Theroux viajou por terra do Cairo à Cidade do Cabo, um feito, por si, extraordinário, dado à ausência de transportes regulares e aos perigos e desafios envolvidos.Trazendo consigo apenas uma sacola velha e vestindo roupas surradas, sua intenção desde o início era desaparecer, tornar-se incomunicável, inatingível por celulares ou emails. Tornar-se um fantasma. http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSWEHG5bNdCCsL7Y70C3ssqzgaJANllQoxGxFgr1-LSVED4s9nO A força do livro vai muito além do mero relato de dificuldades logísticas. Na realidade, o que torna a obra irresistível é tanto o afiado poder observação do autor, como, principalmente – e esta talvez seja sua melhor qualidade –, encontrar pessoas, fazê-las falar, contar suas histórias. São tantos os personagens que cruzam o seu caminho que fica difícil apontar qual o mais interessante. E o mais curioso é que são pessoas comuns, gente ordinária que, sob o estímulo persuasivo do autor, se transformam em protagonistas efêmeros de contos fantásticos. Nada de estereótipos ou nativos coloridos, mas gente cujas palavras se tornam o ponto de partida para que Theroux aborde aspectos históricos e culturais. http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQxTgi4hYznnRpZTOu-bACKClmR_71aPV0jTN7Jm62TfuRLkPWD Sugestões do tipo: “não vá, é perigoso” provocam um efeito contrário em Theroux. Aconselhado a evitar o Sudão, não teve dúvidas em seguir para lá. O mesmo aconteceu na Etiópia e no percurso até o Quênia, onde o caminhão em que havia tomado carona foi atacado por bandidos do deserto. É nesse trecho que se percebe sua franqueza ao escrever. Ele não poupa o leitor, sob qualquer critério, de observações pessimistas quanto à corrupção no Quênia e a total falta de infraestrutura da Tanzânia. A culpa, segundo diz, é menos dos africanos do que daqueles que ele chama pejorativamente de “agentes da virtude”, as agências humanitárias que atuam na África. Theroux não vê problemas em apontar o dedo para o trabalho desenvolvido por tantas ONGs e afins e classificá-los como o grande motivo pelo qual o continente permanece patinando em um lodaçal de miséria, cenário perfeito para aproveitadores, prostitutas e vigaristas. http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSif5tryAL9cImMiNX1ZUTCvAn_pHdPXRw2MDmADbxqjO4hhPs0Ao chegar a Uganda e depois, no Malaui – lugares em que já estivera antes – Theroux só confirma essa constatação. Indo além, acusa sem o mínimo pudor missionários religiosos de tentar promover uma lavagem cultural nas tribos mais afastadas. Isso, de acordo com ele, é um dos fatores que leva ao êxodo transformando cidades em favelas que se esparramam pelo horizonte, repletas e doenças, crimes e desesperança. O que mais o deixa indignado, percebe-se, é como esses missionários – evangélicos, principalmente – julgam-se os detentores da verdade suprema, sempre ostentando sorrisos de comiseração pelo fato de outros não terem, ainda, encontrado um suposto caminho para a “salvação”. É o que se deduz de sua conversa bastante amistosa com uma garota em um trem da África do Sul para Moçambique. Viajando em trens caindo aos pedaços, matatus, micro-ônibus, caminhões, e até mesmo canoas, Theroux leva o leitor à verdadeira África, não àquela vista pelos turistas. Aliás, esse é um rótulo que ele faz questão de dispensar, atacando e ridicularizando com observações deliciosamente sarcásticas aqueles que só vão à África para perturbar os animais. Cidade do Cabo, África do Sul Cidade do Cabo, África do Sul Mesmo que não se concorde com tudo o que Paul Theroux diz, é possível entrever por suas linhas que o continente africano prima por apaixonantes contradições e por uma complexidade sedutora. A maior qualidade do livro talvez seja exatamente essa: a franqueza insuperável com que foi escrito. É uma pessoa falando, não uma entidade bíblica ou um professor cansado. É alguém que esteve no local e o experimentou. Não se contentou com estudos apenas, mas foi até lá e viu, com os próprios olhos, daí passando a impressão que o atingiu. Deixar o leitor desconfortável, em dúvida, questionando-se, é o maior mérito de qualquer escritor. Nisso, Paul Theroux é mestre. Sua viagem termina com um reflexo do paradoxo do continente. Revela-se “africanizado, roubado e doente”, uma provocação irresistível àquele que lê.

Gustavo

• Via Amazon

Theroux retorna à África e não gosta do que vê

Recomendo

Se hoje Paul Theroux é provavelmente o maior escritor de relatos de viagem em atividade no mundo, na década de 60, antes da fama, ele era apenas um jovem e idealista americano dando aulas na África, primeiro no Malaui e depois em Ruanda. Voltando ao continente negro várias décadas depois, Theroux embarca numa viagem que vai cruzar o continente de Norte a Sul, começando no Cairo e terminando na Cidade do Cabo, no caminho percorrendo toda a África Oriental, sempre por terra - de trem, ônibus, caminhão, carona, o que estiver disponível. Theroux é assumidamente misantropo, e é possível notar no início do livro sua expectativa em se enveredar pelo coração africano, deixando pra trás a civilização e abraçando a natureza e a pureza de um estilo de vida mais simples e antigo. Doce ilusão. É difícil saber o quanto as lembranças de Theroux de sua juventade na África são baseadas na realidade e o quanto é resultado do processo de seleção natural de suas memórias, o saudosismo de um idoso pela juventude perdida. Seja qual for o caso, o que o escritor encontra é um continente em processo avançado de degradação. Como diz o próprio Theroux, o que ele encontra é uma África mais cheia de gente, suja, caótica, violenta do que tinha em suas lembranças. A medida que Theroux prossegue em sua viagem, é quase impossível não sentir seu desespero: as cidades são armadilhas decadentes e perigosas das quais ele tenta fugir o mais rápido possível. O interior, porém, não se demonstra muito melhor: miséria, violência e ineficiência parecem persegui-lo por todos os lados. As estradas, quando existem, são atoleiros sem fim. Os ônibus são assassinos, e os trens decrépitos vivem quebrando. A África verde e selvagem deu lugar a desolados desmatados, e os grandes animais foram caçados até quase a extinção. O coup de grace vem quando Theroux visita os lugares nos quais viveu quando jovem: em Uganda, a antiga universidade onde lecionou e da qual tinha tantas boas lembranças agora é uma relíquia caindo aos pedaços, um monumento a esperanças perdidas. Durante a viagem muitas vezes Theroux se exaspera com a apatia dos africanos, especialmente dos burocratas. Mas as principais críticas vão para as instituições de caridade que assolam o continente, e que para Theroux são na melhor das luzes um estorvo necessário e na pior abutres bem intencionados que na tentativa de ajudar acabam apenas prolongando uma situação de dependência. É apenas no final do livro, quando Theroux chega ao sul do continente, que as coisas começam a parecer um pouco melhores. No Zimbábue, apesar das sanções aplicadas ao ditador Mugabe e das invasões das terras de fazendeiros brancos, Theroux encontra um mínimo de ordem e eficiência, e a África do Sul, apesar da epidemia de AIDS que assola a população, parece um primeiro mundo em contraste com a realidade do resto do continente. A odisséia de Theroux através do continente negro é longa, sofrida e desesperançosa, mas por isso mesmo é revelante, pois apesar de confirmar nossos piores preconceitos em relação à realidade africana - a fome, a miséria, a violência - tanto mostra um lado da África que não costumamos ver, que vai além dos sáfaris organizados pros turistas, o lado das favelas urbanas e dos desertos e vilarejos do interior. Tudo filtrado pelas lentes sarcásticas e curiosas de Theroux.

Pedro

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