dança & identidade
Recomendo
Uma amizade que nasce pela dança & música nos conjuntos habitacionais londrinos, com duas meninas que crescem com um sonho em comum. Questões como raça, identidade e pertencimento, são as subjetividades que conduzem o romance, no compasso de uma dança desigual e ao som de uma música frenética. As meninas são filhas de pai branco, mãe negra. Ou mãe branca e pai negro, trazendo uma discussão importantíssima de descoberta interna e externa e como isso norteia — de modo individual — as ideias e as decisões das meninas. Acompanhamos nossa protagonista e sua amiga da infância a vida adulta (vide Lila & Lenu), e como o destino, ou melhor, a sociedade, reserva coisas diferentes para cada uma delas. Além desses tópicos importantes, o livro também dialoga com a cultura pop, os millennials, a superficialidade, política e a hipocrisia filantrópica. O romance começa com a protagonista escondida em um hotel, fugindo de uma multidão e de paparazzis. Ela acaba de ser demitida do emprego de assistente de uma cantora pop mundialmente famosa, e precisa lidar com as consequências dessa demissão. A narrativa intercala dois tempos (infância da protagonista com sua amiga & seu trabalho como assistente), revelando essa história multicultural ao poucos, onde viajamos para a América, Europa e África. Os arranjos familiares, relacionamentos e as amizades são importantíssimas no romance, uma personagem que achei interessante é a mãe da protagonista, uma mulher negra que quer ascender intelectualmente, mas é julgada pela sociedade, pelo marido e pela própria filha. Falar de todas as nuances que permeiam esse livro seria impossível, por isso, leiam. Zadie tem uma escrita fluída — mesmo que lenta em alguns momentos — e assim como no outro romance que li da autora, “Sobre a Beleza”, ela consegue costurar e amarrar questões importantes da contemporaneidade. Escrevo sobre livros no meu instagram: @jojoaaao
João
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