Livro autêntico e admirável! É poesia escrita em prosa com o coração na mão!
Recomendo
"Fé que não dúvida é uma fé morta". O estilo de Unamuno é de uma elegância e beleza cativantes. Só por isso já valeu a leitura do livro. Mas sua visão pessoal, e circunstancial, do cristianismo também é intrigante, nos deixa perplexos em alguns momentos da leitura, despertando reflexões diversas sobre temas universais e nos fazendo participar de seu sofrimento de escrever quando exilado na França, tendo fugido da ditadura espanhola, se separando de sua família e de oito filhos (salvo engano). A noção de mística cristã como um gênero "metaerotico", sua definição agônica do cristianismo, a polêmica que a obra trava com Nietzsche, Kant, Hegel, Rousseau, Chateaubriand, entre outros escritores e filósofos, suas comparações geniais, o capítulo que dedica à "fé pascalina", as críticas aos Jesuítas, sua subscrição aos ressentimentos católicos contra os protestantes, calvinistas e luteranos em especial, a distinção e paradoxo com o qual compreende o cristianismo pelo fato da fé cristã não se conformar com nenhuma ideologia moderna em particular, a crítica ao individualismo absoluto, ao nacionalismo, ao socialismo, ao comunismo e ao cristianismo social, etc... Enfim, é uma obra curta, porém muito densa e rica de conteúdo, tudo escrito de forma dialética e bem ordenada, conseguindo dar uma forma clara e unidade ao texto. Bem complexo esse trabalho, mas parece que Unamuno fez num fim de semana, tamanha a facilidade de expressão e o domínio de vários idiomas que revela possuir. Incrível!
Caio
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