A tal greve fica em segundo plano
Recomendo
Um grupo de prostitutas decide fazer uma greve no bordel em que trabalham depois que o dono do lugar aumenta o valor do programa para melhorar o perfil dos clientes. A ideia é que a decisão pelo aumento seja revertida para que a clientela volte a crescer. A história se passa em 1968, em plena ditadura militar, aliás, o livro tem diversas críticas ao governo da época e até mesmo críticas pessoais aos membros do governo, razão pela qual o livro foi censurado na época. O livro tem pontos bem interessantes, principalmente quando mostra os tratamentos dados a diferentes clientes, como o delegado da região, que simplesmente não paga por nada e faz o que quer. A linguagem usada pelas mulheres também é bem específica. Considerando a época, eu já esperava comentários homofóbicos que seriam direcionados para Salomé, o dono do bordel, que é gay. As personagens, por diversas vezes, agradecem pelos filhos serem "machos", justificam agressão daqueles que, desde crianças, pareciam mais "delicados", entre outras coisas e isso me incomodou, mas, pela época, compreendi. Não acredito que exista uma protagonista na história, mas sim a situação geral. As histórias de cada uma vão sendo contadas aos poucos, tem aquela que está grávida e encontra problemas para ter programas, a que voltou ao bordel depois de ter fugido com um cliente, a que é travesti e todos adoram ver performar, entre outras. Estranhei que a tal greve delas comece tão tarde no livro (últimas 40 páginas), já que está na sinopse, mas gostei do livro. O dia a dia delas é mais interessante que essa greve tão rápida.
Américo
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