Volume VII da História das Ideias Políticas de Voegelin: humanismo no séc. XVII à crise imanentista
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Nesse volume, resultado de uma coleção de textos terminados em diferentes anos, Voegelin trata do período do humanismo baseado no direito natural secularizado e no ideal de ciência no século XVII ao imanentismo historicista de Nietzsche. No século XVII, entre o período de desintegração do império e a ascensão do Estado nacional, o homem restou só sem um cosmion que lhe desse sentido. O direito natural e o ideal de ciência se tornam símbolos de um novo significado. A teoria política assume vários caminhos. Grotius busca a ordem fundada em um direito natural autônomo do divino. Hobbes propõe uma reflexão realista da política fundada na natureza humana não inocente. Na Inglaterra do séc. XVII, ocorre uma revolução inglesa orientada por equilibrar o poder do Parlamento e monarca por meio de uma monarquia limitada. Na França, a tentativa de monarquia limitada fracassa. Em Espinosa, a nação toma o lugar de Deus nos sentimentos políticos dos homens. Em Locke, surge uma nova antropologia pós-medieval do puritano vitorioso que substitui a espiritualidade cristã pela paixão por propriedade privada. Para Voegelin, esses autores possibilitaram uma "ordem", mas perderam o espírito. Surgem tentativas de reafirmar o espírito. Hume funda uma sociedade política com base no sentimento de simpatia como liga e convenção das relações sociais. Montesquieu reconhece que cada povo tem sua ordem governamental singular e liberdade para agir segundo regras morais. Abre-se espaço para a relatividade histórica da ordem ocidental. Na segunda parte, Voegelin trata de um novo conjunto de ideias. Ele apresenta o "fenomenalismo" como uma interpretação das relações fenomênicas da ciência como ordem de substância das coisas. A combinação de fenomenalismos, como o biológico, econômico e psicológico, ameaça extinguir a humanidade. Nota: essa previsão de Voegelin foi escrita seis semanas antes da bomba atômica ser lançada sobre Hiroshima. Em seguida, Voegelin discute amplamente Schelling, a quem considera um grande pensador. Schelling percebeu a despiritualização e irracionalismo ocidental e a fragmentação e decadência do pensamento. Schelling propõe um novo nível de consciência crítica dentro da história cristã. Por fim, Voegelin discute sobre Pascal e Nietzsche. Esse é um capítulo muito interessante porque Voegelin procura mostrar que o imanentismo de Nietzsche se colocava como contraponto ao "tipo" de cristandade de Pascal que considerava a necessidade do movimento histórico. Mesmo partindo de percepções semelhantes a Pascal sobre a desintegração de uma ordem social desencantada, Nietzsche desenvolveu uma profunda crítica à civilização: ressentimento, niilismo e abolição da graça.
Anderson
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