A Véspera - Ivan Turguêniev - 9788575596876

O pior de Turgueniev

O livro, que também poderia ser chamado de "o búlgaro talarico", é o pior que eu já li de Turgueniev. É uma narrativa "água com açúcar", cujas possíveis analogias e interpretações (as quais os tradutores fazem um esforço hercúleo pra dar valor no posfácio) são bem óbvias e banais. Além disso, ao contrário das edições de Turgueniev em outras editoras, a linguagem é menos fluida (provavelmente por culpa da tradução), a diagramação é estranha, as palavras parecem empilhadas (as notas de rodapé são boas, por outro lado).

Em março de 2021 • Via Amazon

Um marco na literatura russa e mundial

Quando comecei a assistir aos vídeos do canal do filósofo Luís Felipe Pondé, encontrei alguns nos quais ele abordava lições morais e filosóficas presentes na literatura russa do século XIX. Quando criei esta conta no Instagram e passei a acompanhar alguns IG's literários, que frequentemente recomendavam títulos de autores desse período, tais como Fiódor Dostoiévski, Leon Tolstói e Ivan Turguêniev, fiquei bastante interessado em conhecer essa famigerada "academia" literária russa. Incialmente, pensei em começar pelas obras de Dostoiévski, autor assiduamente mencionado tanto por Pondé quanto pelos IG's que eu seguia. Mas a vida, amigos, é uma caixinha de surpresa. E, certa vez, olhando alguns títulos em promoção na Amazon, deparei-me com este e não pensei duas vezes em adquiri-lo. "A véspera" foi escrito por Ivan Turguêniev no ano de 1860, sendo o enredo ambientado na década de 50 do mesmo século. O romance gira em torno da paixão que surge entre a jovem russa Elena Nikoláievna, filha de integrantes da elite aristocrática local, e o jovem intelectual búlgaro Insárov, Dmítri Nikanórovitch, cujo principal objetivo é libertar sua pátria do domínio do império turco-otomano. Ao longo dos capítulos, Turguêniev nos mostra, com uma sensibilidade ímpar, alguns cenários que evidenciam as relações sociais e as mudanças políticas que ocorriam à época. É perceptível, na obra, o conflito de gerações, presente nas conversas entre os personagens da trama. Esse conflito encontra seu ápice na jovem Elena que, resistindo às escolhas arbitrárias de seus pais, impõe-se como protagonista de seu destino, relacionando-se com um jovem estrangeiro de classe econômica inferior a sua, além de defender com determinação sua causa patriota. Turguêniev também tece críticas à mentalidade russa, um tanto letárgica, se comparada com a mentalidade que borbulhava naquele período de mudanças tão rápidas e profundas. Isso também fica evidente na figura da jovem Elena, que não se sente atraída por nenhum dos seus conterrâneos intelectuais e abastados, fadados a repetirem o que já vinha sendo feito pelas gerações anteriores, e resolve se entregar de corpo e alma a um jovem igualmente determinado a mudar sua realidade. Esta obra foi um marco na história da literatura mundial, principalmente por colocar uma mulher como uma de suas protagonistas, algo que não foi bem recebido por muitos críticos da época. A presente (e excelente) edição da editora Boi tempo inclui um prefácio e posfácio feitos pelas tradutoras do romance, bem como o prefácio à edição de 1879, feito pelo próprio Ivan. Tenho que admitir que, para mim, que não sou tão acostumado com esse gênero literário, o final não foi dos mais agradáveis, mas a trama, a narrativa e os diálogos entre as personagens fizeram com que a leitura fosse agradável, envolvente e, como sempre, enriquecedora.

Em maio de 2020 • Via Amazon

A elegância do estilo de um mestre

Um romance envolvente e denso como costuma ser a prosa dos russos em geral. No caso de Turguêniev destaca-se a elegância do seu estilo.

Em maio de 2019 • Via Amazon