A Voz e o Fenómeno. Introdução ao Problema do Signo na Fenomenologia de Husserl
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Edições 70
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“A Voz e O Fenômeno” é o terceiro e último grande trabalho que Derrida produziu em 1967, o qual discorre sobre o problema do signo linguístico na fenomenologia de Husserl. Edmund Husserl denominou seu empreendimento filosófico (a fenomenologia) de uma ciência rigorosa. No entanto, Derrida esmiúça sobre quais fundamentos tal “ciência” se erige, demonstrando que Husserl, apesar de seus méritos, se mantém preso àquilo que o filósofo francês denomina a “Metafísica da Presença” ou Tradição fonocêntrica, isto é, a crença que consiste na percepção que privilegia a fala em relação à escrita, pois a vê como a substância (ousia) que preserva a presença viva em razão da proximidade do logos como phoné, já que o significante fônico e sua conexão natural ao significado representam o dentro, isto é, o essencial e o ideal, enquanto o significante exterior (a escrita) representaria o fora, ou seja, o exterior e o contingencial. Todavia, Derrida demonstra, seguindo a lógica de Husserl, que divide o signo (Zeichen) em expressão (Ausdruck) e índice (Anzeigen), que não existe significado estável num contexto de presente pleno, pois a própria ideia da presença a si, nas palavras de Derrida, a própria ideia da consciência como querer-dizer (vouloir-dire) da presença a si, é uma falácia. Derrida explica isso através da explanação de um neologismo seu: o de “Différance”. Différance significa que não existe significado transcendental e estável num suposto presente pleno, pois os signos diferem, tanto no sentido de diferir temporalmente, ou seja, significam de forma indefinida e extemporânea no tempo, noção expressa naquilo a que Freud nomeava como Nachträglichkeit, isto é, posterioridade (através da perspectiva diacrônica), como também diferem como diferir também no sentido de se tornar diferente, mas agora no espaço, em razão de novos sentidos que surgem em virtude da localização espacial dos signos no contexto (ou seja, aqui na perspectiva sincrônica). O sentido, portanto, nunca é estável e definitivo, mas sempre produz mais sentido ad infinitum. Como Husserl não fazia distinção entre ato e potência, entre fenômeno e númeno, Derrida desmonta (desconstrói) tal argumento e o faz com as seguintes palavras: “contrariamente àquilo que a fenomenologia – que é sempre fenomenologia da percepção – tentou levar-nos a acreditar, contrariamente àquilo em que o nosso desejo não pode deixar de ser tentado a acreditar, a própria coisa subtrai-se sempre”. Ocorre, assim, por ação de Derrida, o fechamento da metafísica (la clôture de la metaphysique). O sentido se liberta, então, e ocorre a disseminação. Tudo voa, tudo flutua. Sobretudo, o signo. Dessa forma, Derrida encerra a história da metafisica da presença e encerra também o ciclo de três publicações conspícuas suas que saem em 1967, nesta ordem: “A Escritura e a Diferença”, “Gramatologia” e, por fim, este “A Voz e O Fenômeno”. Por fim, só fazemos uma ressalva em relação ao preço da obra, que é de quase duzentos reais, apesar de ser um texto curto, de cento e dez páginas, já que a edição é portuguesa (Edições 70). Dessa forma, o valor destoa em relação às demais obras derridianas publicadas em solo pátrio. Torçamos, portanto, por uma edição nacional também. E que com ela surjam novos leitores derridianos. Há tantas auroras que ainda não brilharam, lembra-nos Nietzsche.
Esdras
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“A Voz e O Fenômeno” é o terceiro e último grande trabalho que Derrida produziu em 1967, o qual discorre sobre o problema do signo linguístico na fenomenologia de Husserl. Edmund Husserl denominou seu empreendimento filosófico (a fenomenologia) de uma ciência rigorosa. No entanto, Derrida esmiúça sobre quais fundamentos tal “ciência” se erige, demonstrando que Husserl, apesar de seus méritos, se mantém preso àquilo que o filósofo francês denomina a “Metafísica da Presença” ou Tradição fonocêntrica, isto é, a crença que consiste na percepção que privilegia a fala em relação à escrita, pois a vê como a substância (ousia) que preserva a presença viva em razão da proximidade do logos como phoné, já que o significante fônico e sua conexão natural ao significado representam o dentro, isto é, o essencial e o ideal, enquanto o significante exterior (a escrita) representaria o fora, ou seja, o exterior e o contingencial. . Todavia, Derrida demonstra, seguindo a lógica de Husserl, que divide o signo (Zeichen) em expressão (Ausdruck) e índice (Anzeigen), que não existe significado estável num contexto de presente pleno, pois a própria ideia da presença a si, nas palavras de Derrida, a própria ideia da consciência como querer-dizer (vouloir-dire) da presença a si, é uma falácia. Derrida explica isso através da explanação de um neologismo seu: o de “Différance”. Différance significa que não existe significado transcendental e estável num suposto presente pleno, pois os signos diferem, tanto no sentido de diferir temporalmente, ou seja, significam de forma indefinida e extemporânea no tempo, noção expressa naquilo a que Freud nomeava como Nachträglichkeit, isto é, posterioridade (através da perspectiva diacrônica), como também diferem como diferir também no sentido de se tornar diferente, mas agora no espaço, em razão de novos sentidos que surgem em virtude da localização espacial dos signos no contexto (ou seja, aqui na perspectiva sincrônica). O sentido, portanto, nunca é estável e definitivo, mas sempre produz mais sentido ad infinitum. Como Husserl não fazia distinção entre ato e potência, entre fenômeno e númeno, Derrida desmonta (desconstrói) tal argumento e o faz com as seguintes palavras: “contrariamente àquilo que a fenomenologia – que é sempre fenomenologia da percepção – tentou levar-nos a acreditar, contrariamente àquilo em que o nosso desejo não pode deixar de ser tentado a acreditar, a própria coisa subtrai-se sempre”. Ocorre, assim, por ação de Derrida, o fechamento da metafísica (la clôture de la metaphysique). O sentido se liberta, então, e ocorre a disseminação. Tudo voa, tudo flutua. Sobretudo, o signo. Dessa forma, Derrida encerra a história da metafisica da presença e encerra também o ciclo de três publicações conspícuas suas que saem em 1967, nesta ordem: “A Escritura e a Diferença”, “Gramatologia” e, por fim, este “A Voz e O Fenômeno”. Por fim, só fazemos uma ressalva em relação ao preço da obra, que é de quase duzentos reais, apesar de ser um texto curto, de cento e dez páginas, já que a edição é portuguesa (Edições 70). Dessa forma, o valor destoa em relação às demais obras derridianas publicadas em solo pátrio. Torçamos, portanto, por uma edição nacional também. E que com ela surjam novos leitores derridianos. Há tantas auroras que ainda não brilharam, lembra-nos Nietzsche.
Esdras
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“A Voz e O Fenômeno” é o terceiro e último grande trabalho que Derrida produziu em 1967, o qual discorre sobre o problema do signo linguístico na fenomenologia de Husserl. Edmund Husserl denominou seu empreendimento filosófico (a fenomenologia) de uma ciência rigorosa. No entanto, Derrida esmiúça sobre quais fundamentos tal “ciência” se erige, demonstrando que Husserl, apesar de seus méritos, se mantém preso àquilo que o filósofo francês denomina a “Metafísica da Presença” ou Tradição fonocêntrica, isto é, a crença que privilegia a fala em relação à escrita, pois a vê como a substância (ousia) que preserva a presença viva em razão da proximidade do logos como phoné, já que o significante fônico e sua conexão natural ao significado representam o interior (o dentro) , isto é, o essencial e o ideal, enquanto o significante exterior (a escrita) representaria o fora, ou seja, o exterior e o contingencial. Todavia, Derrida demonstra, seguindo a lógica de Husserl, que divide o signo (Zeichen) em expressão (Ausdruck) e índice (Anzeigen), que não existe significado estável num contexto de presente pleno, pois a própria ideia da presença a si, nas palavras de Derrida, a própria ideia que compreende a consciência como querer-dizer (vouloir-dire) da presença a si, é uma falácia. Derrida explica isso através da explanação de um neologismo: “Différance”, no caso. Différance significa que não existe significado transcendental e estável num suposto presente pleno, pois os signos diferem, tanto no sentido de diferir temporalmente, ou seja, significam de forma indefinida e extemporânea no tempo, noção expressa naquilo a que Freud nomeava como Nachträglichkeit, isto é, posterioridade (através da perspectiva diacrônica), isto é, verticalmente, como também diferem como diferir também no sentido de se tornar diferente, mas agora no espaço, em razão de novos sentidos que surgem em virtude da localização espacial dos signos no contexto (ou seja, aqui na perspectiva sincrônica), isto é, horizontalmente. O sentido, portanto, nunca é estável e definitivo, mas sempre produz mais sentido ad infinitum. Como Husserl não fazia distinção entre ato e potência, entre fenômeno e númeno, Derrida desmonta (desconstrói) tal argumento e o faz com as seguintes palavras: “Contrariamente àquilo que a fenomenologia – que é sempre fenomenologia da percepção – tentou levar-nos a acreditar, contrariamente àquilo em que o nosso desejo não pode deixar de ser tentado a acreditar, a própria coisa subtrai-se sempre”. Derrida realiza, então, o fechamento da metafísica (la clôture de la metaphysique). O sentido se revela, portanto, como disseminação interminável. Tudo voa, tudo flutua. Sobretudo, o signo. Dessa forma, Derrida pretende criar uma nova perspectiva na história da metafisica da presença, fechando o ciclo de três publicações conspícuas suas que saem em 1967, nesta ordem: “A Escritura e a Diferença”, “Gramatologia” e, por fim, este “A Voz e O Fenômeno”. Por fim, só fazemos uma ressalva em relação ao preço da obra, que é de quase duzentos reais, apesar de ser um texto curto, de cento e dez páginas, já que a edição é portuguesa (Edições 70). Dessa forma, o valor destoa em relação às demais obras derridianas publicadas em solo pátrio. Torçamos, portanto, por uma edição nacional também. E que com ela surjam novos leitores derridianos. Há tantas auroras que ainda não brilharam, lembra-nos Nietzsche, aludindo ao Rig Veda.