Nem só de ridículos tiranos vive a América Latina
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Bolsominion salvadorenho surtado tem ataque de pelanca e aluga um amigo por mais de 100 páginas, vociferando contra o comunismo, os políticos, os mosquitos, o futebol, a indigência intelectual, o calor, a comida, a cerveja, a música, os trajes típicos e toda e qualquer manifestação cultural do seu país (e da América Latina em geral). Retrato do ridículo de uma certa classe média latino-americana que tem vergonha de suas origens e de sua herança cultural, enquanto paga o maior pau pro Grande Irmão do Norte. A história se passa em San Salvador, mas poderia se passar em Caracas, Buenos Aires ou no Rio de Janeiro. É uma espécie de elogio ao ressentimento, temperado com muito preconceito, misoginia, racismo e viralatismo de cucaracha que pensa que é cidadão do "primeiro mundo" e solta diatribes furibundas contra tudo e todos, sem perceber o vácuo existencial em que vive. Interessante perceber como o colonialismo molda as consciências e leva ao paroxismo a mentalidade servil e rancoroso de certos setores da classe média latino-americana. Nem só de ridículos tiranos vive a América Latina. Ironia pouco refinada, mas bizarramente eficaz em muitos momentos. É como se Caco Antibes e o Conselheiro Acácio se fundissem num unico personagem, resolvessem ir ao analista e este gravasse as sessões.
erico
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