Uma prosa muito potente e digna da láurea do Nobel
Recomendo
Ler um livro escrito por um autor já agraciado pelo prêmio Nobel de Literatura é uma tarefa que pode ser um tanto assustadora (seja por dúvidas quanto à acessibilidade do modo de escrever, seja pelos temas abordados ou até mesmo pela expectativa imposta por terceiros e autoimposta para gostarmos do livro) mas está obra é de uma acessibilidade sem palavras, comparável à força e potência de sua prosa. Comparando a outros artistas, sabidos usuários de escrita mais sintética, Garcia Márquez pode parecer muito longo em suas frases, mas aí está um elemento fantástico em sua obra: o quanto ele consegue articular memórias, indícios de próximos acontecimentos na obra e sentimentos dos personagens em uma mesma frase. Sua escrita não é algo tão diferente do ponto de vista estrutural quanto um Saramago, mas essas propriedades já mencionadas formam uma identidade própria. Do ponto de vista de temática, essa história é um retrato, ou fábula, ou denúncia, ou como se preferir chamar, da América Latina e somente poderia ter sido escrita por alguém com essa vivência. Recomendo bastante procurar no YouTube após ler o livro o discurso de agradecimento de Gabo no prêmio Nobel de Literatura e ver como Cem Anos de Solidão consegue até trazer um elemento fundamental da ficção científica: falar do presente mesmo quando parece abordar outro tempo.
João
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