O melhor livro de História da Religião.
Recomendo
A série das Crenças e Ideias Religiosas é definitiva, as análises do autor impecáveis, seu conteúdo riquíssimo, a bibliografia crítica de cair o queixo, não há MELHOR LIVRO DE HISTÓRIA DE RELIGIÃO ESCRITO até o momento. Não à toa continua sendo uma obra de referência e contando entre os best-sellers mesmo tendo se passado uns 50 anos desde sua primeira publicação. A leitura é relativamente fácil prum leigo (apesar de um tecnicismo aqui e um estrangeirismo ali), mas o leitor tiraria um proveito maior se lesse pelo menos "O Sagrado e o Profano" ou outros livros religiosos para se familiarizar com os conceitos do autor (se bem que ele está sucinta e constantemente se dando a entender). A isenção completa e o relativismo integral de Eliade merecem todo respeito, porque muitos estudiosos da área da religião comparada pecam por preconceito e partidarismo; sem contar sua "ridícula" erudição – dominava dezenas de línguas, lia de tudo e de todos, entendido no simbolismo de um sem-número de culturas, um verdadeiro "monstro" – que só faz aumentar sua autoridade. Perfeito? Não. É um livro de historiografia, e novos achados arqueológicos bem como hipóteses originais podem desmentir ou confrontar as opiniões vigentes. (Já apareceram algumas coisas novas sobre o judaísmo por exemplo: Israel Finkelstein, Erich Zenger, Gerald Hasel, Mario Liverani. E sobre o cristianismo: Justo Gonzalez, Dale Irving, Bart Erhman, James Dunn). Afora que muitas das datações e interpretações (menos as científicas que as literárias) são subjetivas, pressupostas, discutíveis. Fazer o quê, temos que reconhecer os limites da investigação do passado. O grande defeito desta Histórias Religiosa contudo é que não conseguiu completar seu projeto inicial que previa capítulos a respeito das religiões tribais americanas, da irreligiosidade moderna e da ciência da religião. Até podemos montar um quebra-cabeça com as análises dessas espiritualidades em excertos espalhados em toda a obra do acadêmico (especialmente em "Origens", "Tratado de História da Religião" e nos capítulos finais d"O Sagrado e o Profano"), mas não seria a mesma coisa. Creio que a "História das Idéias Políticas" do Eric Voegelin e "A Fé dos (Novos) Ateus" de João Paulo Reis serviriam para completá-lo, ao menos na parte do ateísmo. Um defeito menor se trai na seleção das religiões a serem expostas: nenhuma palavra sobre as religiões africanas ou australianas (além das americanas). É compreensível: o historiador estava preocupado com idéias novas e influentes, e essas religiões tribais não mudaram substancialmente o rumo da história nem a exposição dada em seu livro sobre "Xamanismo" ou ainda nos capítulos sobre a pré-história no primeiro volume desta obra. Seja como for, para suprir esta lacuna o estudioso terá que procurar obras especializadas. Enfim, indispensável a todos os estudiosos de religião comparada, historiografia, mitologia e simbolismo.
Bruno
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