Lolita - Nabokov, Vladimir - 9788579620560

"Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta."

O trecho acima dá início ao romance Lolita, de Vladimir Nabokov. Essa fala é do narrador Humbert Humbert, um professor universitário que é pego por uma paixão avassaladora, como o trecho acima indica.

Mas, na realidade, trata-se de uma história de obsessão e, pior ainda, de pedofilia. Sim, nós conhecemos a história pelo ponto de vista de um pedófilo e é aí que mora o trunfo da obra, já que trata de um tema tabu contado pela visão de quem cometeu um ato condenável.

O narrador é o x da questão

Humbert é um intelectual que utiliza a linguagem como sua principal ferramenta. Ele narra uma história teoricamente de amor, mas que se aproxima da obsessão. E como só temos um ponto de vista, não dá pra saber se Lolita realmente se comporta do jeito que seu narrador nos mostra, ou se é apenas coisa da cabeça dele.

Logo no início do livro, ficamos sabendo que o Humbert conta sua história da cadeia. Ele faz como uma defesa de si próprio e, por ter um linguajar muito bem desenvolvido, ele até consegue convencer o leitor.

Mas não podemos esquecer que só vemos o ponto de vista dele e que ele não é confiável, já que está preso. E o mais interessante é que o próprio Humbert trata da sua fixação por o que ele chama de ninfetas, como algo problemático. Ele jamais tenta convencer o leitor de que o que faz é certo.

Para os que têm medo de Lolita ser um livro muito erótico, podem se tranquilizar: apesar do desejo sexual estar no centro da história, as cenas explícitas são raras. As questões psicológicas do narrador são muito mais exploradas do que o viés sexual.

Conclusão

Lolita é uma história triste. Não é um romance bonito, entre duas pessoas que se amam e com um final feliz. Apesar disso, é um livro único e necessário, que desafia o leitor a cada palavra.