Menino de Ouro - Tarttelin, Abigail - 9788525055019

Intenso

Para quem gosta de uma boa leitura super indico! Vai se emocionar com certeza!!

Em novembro de 2022 • Via Amazon

Triste

Eu nunca havia lido nada de autores nascidos em Trinidad e Tobago. Sabia da existência do país desde cedo porque na infância assistia a concursos de miss (concurso de beleza contribui para a cultura geográfica, gente!). O que eu não sabia e descobri pesquisando paralelamente à leitura deste livro é que a população de T&T, de 1,2 milhão de habitantes (2015), “etnicamente, divide-se em dois grandes grupos: os afrodescendentes (43%) e os indianos (35%) –­ com expectativa de vida estimada em 71,3 anos (período 2000-2005)”. (1) A família representada neste livro tem ascendência indiana e vive na área rural nos anos 80. Nem o pai, Clyde, nem a mãe, Joy, terminaram o ensino formal; ele trabalha como operário e ela cuida da casa e dos filhos gêmeos, Peter e Paul. Apesar de idênticos fisicamente, Peter é uma espécie de gênio: tem as melhores notas e um comportamento exemplar, enquanto Paul, que teve problemas ao nascer, foi sentenciado desde o nascimento como alguém que não conseguiria progredir muito intelectualmente. Apesar de nunca ter sido feito um diagnóstico - que implicaria consultar um especialista na capital e provavelmente seguir algum tratamento para o qual a família não tinha recursos financeiros -, Paul sempre foi tratado de forma diferente de seu irmão, o “Menino de Ouro”, que poderia não só ter a oportunidade de estudar nos EUA, como ser aquele que alçaria sua família a um novo patamar, tanto em status, como também economicamente. Aos 14 anos Paul desaparece, e em meio à busca pelo menino, várias questões familiares e locais vêm à tona, além de uma difícil decisão que precisa ser tomada. Confesso que no início eu achei que talvez não gostasse da escrita neste livro porque a autora passou um bom tempo descrevendo a busca que o pai faz ao filho, percorrendo as cercanias… mas logo a história volta ao passado, para que possamos nos situar melhor, então a narrativa fica mais ágil e interessante, nos apresentando não só a vida desta família e de seus parentes, mas alguns aspectos da realidade de um lugar que vive as mazelas da pobreza: escassez de recursos, de estudo, machismo, violência, drogas, banditismo. Acho que uma das coisas mais importantes para compreender e apreciar esta leitura é colocar-se dentro da realidade que ela apresenta. Entendo e aceito que Menino de Ouro tenha suas falhas e que agrade mais a uns do que a outros, mas li algumas críticas negativas baseadas numa pensamento simplista que ignora que o contexto é de extrema importância na dinâmica daquela família e no comportamento dos personagens e, especialmente, na escolha que o pai tem que fazer. É uma história muito triste, como são tristes tantas histórias reais daqueles que parecem nascer condenados a iniciar a subida de uma montanha todos os dias, com muito esforço, e todos os dias ver que ainda estão no sopé. “No fim das contas, qual dos dois era o menino de ouro?” Notas: (1) Dados do Portal Enciclopédia Latinoamericana/Trinidad e Tobago. Menino de Ouro ganhou o prêmio Desmond Elliott de melhor romance de estreia e foi incluído na lista da BBC de romances mais inspiradores de 2019. (Fonte: Wikipédia).

Em fevereiro de 2022 • Via Amazon

Muito envolvente!

Difícil parar de ler. Terminei em três dias. Um thriller de qualidade. Fiquei fascinada por Trinidad e Tobago.

Em fevereiro de 2021 • Via Amazon

Simples, potente e impressionante

"Menino de Ouro" foi uma grata surpresa vinda de uma jovem romancista caribenha. Com uma trama simples, somos apresentados a uma família que vive na zona rural de Trinidad e Tobago e possuem dois filhos gêmeos: Peter, considerado gênio por todos, e Paul, tido como esquisito ou mesmo "retardado". O repentino sumiço de Paul é então o pontapé para que possamos imergir no drama familiar. Apesar de ser um romance que ilustra muitíssimo bem a cultura, as religiões e a paisagem de Trinidad e Tobago, especialmente sua área rural, é possível perceber semelhanças diversas com outras localidades pobres onde a educação do nível básico ainda é um privilégio. Mais que tudo, é um romance sobre dramas familiares e os desafios na tentativa de melhorar as condições de vida hereditárias por meio da educação (a principal forma de promoção de classe social). Também é um livro muitíssimo sensível às dificuldades escolares, especialmente por aquelas pessoas que são discriminadas e excluídas ao possuírem algum transtorno, deficiência ou um modelo de ensino inadequado às suas capacidades, sejam elas tidas como "superiores" ou "inferiores". Outro ponto de interesse é a mescla religiosa e de classes sociais que se encontram, sendo dois pontos importantes na formação das personagens. A sensação final é de que se trata de uma obra tanto otimista como pessimista, com a esperança de um futuro melhor enquanto carrega o fardo dos problemas sociais herdados, tanto pelo país como pela família. A escrita de Claire Adam é um charme. Sensível à descrição de paisagens, localidades e vestes, aos poucos somos inseridos na geografia local e da família. As personagens, mesmo aquelas com menor presença durante a narrativa, são bem compostas, suficientemente apresentadas para que saibamos de suas distintas personalidades (ainda que nem sempre sejam tão complexas, como é o caso dos protagonistas). A alternância de ritmos também casa muitíssimo bem em cada momento: por vezes é lenta, enquanto nos habituamos ao livro, outras vezes fragmentária, para preencher lacunas que propositalmente foram postas, e ainda atinge momentos de intensidade e desenlaces rápidos. Realmente há um quê de thriller neste livro, e a autora sabe conduzir a ansiedade do leitor tanto na suspensão como na vinda torrencial de acontecimentos. O laço que amarra tudo é a escrita sensível, que nos permite sentir cada personagem, mesmo aqueles que seriam mais vis. Em suma, este é um romance tão imersivo que pode ser tenso e sufocante, mas que a leitura nos ilumina por meio da sensibilidade. O final pode gerar agrados, desagrados e dúvidas, mas particularmente gostei.

Em janeiro de 2021 • Via Amazon