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#resenhaliteraria 📚O amor das sombras 👨Ronaldo Correia de Brito ✏️ @editora_alfaguara “O que se preserva fora do alcance da luz e dos olhos continuará esquecido e morto, sujeito apenas a ocasionais irrupções do inconsciente” É o fato de trazer à luz o amor que costuma estar em alcovas, sob segredos de família ou obscurecidos pela sociedade, que faz o livro de Ronaldo Correia de Brito tão denso, não são contos de terror, todavia, os personagens emanam o miasma que caracteriza uma desoladora decomposição. “A sensualidade e o apetite carnal são uma máscara da morte” A escrita voluptuosa é um chamado para as trevas impossível de recusar, logo no primeiro conto eu fui seduzido, a trágica história amorosa de um jovem casal é pano de fundo para as memórias de uma família marcada por desgraças. Como quem espia pela fresta da porta entreaberta, fui impedido de enxergar tudo, num jogo que excita e não se concretiza. “Há indícios do cenário misterioso, custa juntar os pedaços” No segundo conto, o autor avisa que “Agora é tarde para arrepender-se. Você entrou na casa” ao que só me resta responder “Eu sei e não me arrependo”. Este segundo conto é Bilhar, nele o prazer proibido é dissimulado numa doença. São as memórias de José, que está contando a história do pai, uma narrativa em primeira pessoa, com as lembranças e fantasias dos personagens entrelaçadas. Em Atlântico, outro conto de destaque, a cidade do Recife, cortada pelos rios Beberibe e Capibaribe, sofre com o interdito geográfico e social, os muros e rios que separam sonhos e amores são raciais e financeiros, e o Recife funciona como uma síntese do Brasil, assombrado pela colonização que chegou através do Oceano Atlântico e devassou tudo. Lua, conto que fecha o livro, traz o autor ficcionalizando seus próprios bloqueios, ele confessa: “Eu também perdi coisas pelo caminho. Não consigo escrever como há quarenta anos". Não é fácil definir como me senti lendo O amor das sombras, um misto de prazer e angústia prevaleceu durante toda a leitura, depois a ressaca.
Alexandre,
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