Um gorduroso chocolate caseiro
Não Recomendo
Eis a verdade: comprei esse livro apenas porque estava em promoção em um site famoso. Embora não tenha gostado do título, quando li a sinopse, os temas, em sua maior parte, chamaram-me a atenção. Enredo resumido: ao mesmo tempo em que Gutemberg luta contra as acusações de um tribunal eclesiástico por ter roubado, falsificado, divulgado e vendido cópias de uma Bíblia manuscrita, monjas-prostitutas de um convento passam a ser mortas por causa de um livro proibido, guardado na enorme biblioteca delas. Primeira “qualquer semelhança é mera coincidência” (será?): um livro proibido que é guardado em um convento por monjas envolvidas em tenebrosos segredos sexuais. Começa a ocorrer uma série de assassinatos com requintes de crueldade pavorosa cuja chave é o tal livro proibido. Se você for um leitor, com certeza, já sabe de qual outro livro esse parece buscar o tema (ou homenagem, ou plágio puro e simples, ou tema que se repete). Segunda “qualquer semelhança é mera coincidência” (será?): a sexualidade feminina envolta em religiosidade cristã. Dessa vez, a semelhança é bem mais leve, mas fica na boca (ou melhor, na mente) aquela sensação de “já li isso em algum lugar”... Parodiando o Sheldon de “Big Bang Theory”: 1) Idade Média, um livro acerca de outros livros e do amor pela palavra escrita, outras culturas - adoro; 2) suspense, mistério, religiosidade – gosto; 3) descrições de sexo – não tão fã... E, antes que me chamem de pudico, leiam as narrações de ordem puramente erótica do livro (o capítulo 8, por exemplo). Sinceramente, considero-os dispensáveis, não passando de mera pornografia disfarçada de erotismo feminino, chegando ao machismo. Afinal, ao afirmar implicitamente que a mulher tem a alma para Deus e o corpo para o homem e nada mais do que isso, a que outra conclusão eu poderia chegar? Vale a pena? Vale, sim, mas não espere a obra-prima de Umberto Eco, em sua extensa erudição, em sua trama bem-amarrada, em seu erotismo sutil, em seus detalhes infinitos... Imagine um daqueles bombons caseiros de qualidade inferior, que deixam um gosto estranho, gorduroso, pastoso na boca. Podem não ser bons, mas não deixam de ser chocolate...
Luiz
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