Um romance atipicamente poético; vale conhecer
Recomendo
"Nossas palavras são um tipo de equipe de salvamento numa missão ininterrupta para salvar acontecimentos passados e vidas acabadas do buraco negro do esquecimento. Algumas palavras podem eventualmente mudar o mundo, podem nos confortar e secar nossas lágrimas; algumas palavras são balas, flechas, pássaros mitológicos, redes que podem salvar vidas ou destruí-las." É com o domínio da palavra que Stefánsson compõe a primeira parte de sua trilogia que tem como pano de fundo a Islândia do século XIX e a vida de um pequeno grupo de pescadores e suas interpretações do que é a vida, a morte, o esquecimento e a dor, em uma prosa tão bonita que a poesia é parte essencial da narrativa. Com um acidente e o seu impacto desse na vida de dois amigos, o escritor narra a amizade de Bárdur e de seu jovem amigo, que vão aprendendo aos poucos que "os olhos devem ser tratados com cuidado, devemos pensar para onde os apontamos e quando, toda a nossa vida jorra dos nossos olhos, eles podem, portanto, ser canhões, música, canto de pássaros, gritos de guerra. Podem nos revelar, podem nos salvar, nos destruir"; assim como a felicidade daquele que tem um amigo nesse mundo. Passando constantemente do Paraíso ao Inferno, em companhia do John Milton, o escritor faz da obra aquilo que é a nossa existência: uma busca incessante por uma solução, pelo que nos conforta e pelo que nos traz felicidade, em uma escrita e prosa belíssimas.
Luciana
• Via Amazon