Minha melhor descoberta este ano
Recomendo
Mais uma vez eu profiro esta frase: “como é difícil escrever sobre um livro que a gente ama, sobre uma autora da qual a gente quer conhecer tudo!” Gosto de livro que incomoda, que cutuca, mas que tem essa narrativa que vai e vem, que mostra, desconversa e depois volta a tocar no assunto. A história é contada por Maria Teresa, que está na estrada com o namorado rumo a Miracema, no interior do Rio de Janeiro, em virtude da morte do pai, ocorrida há uma semana. Ela quer contar a ele que esteve lá na sexta passada, mas não sabe como dizê-lo. Durante toda a narrativa a protagonista viaja em seus devaneios sobre o passado e o presente, incluindo histórias paralelas e uma obsessão com o quadro “Las meninas (El cuadro de la familia)”, de Velázquez. Aliás, o quadro é um detalhe essencial no livro. Elvira dá muito mais importância ao elemento humano do que ao fato em si; são as angústias da personagem que norteiam a narrativa. “Para Maria Teresa (...) seis em ponto é a hora de começar a mentir para si mesma, para os outros, para o mundo.” Para mim, uma boa narrativa pode transformar um tema banal e cotidiano numa preciosidade, numa reflexão sem limites. Assim é o texto de Elvira Vigna. Os livros de Elvira descritos por ela mesma: “meus livros são sobre vazio, solidão e morte. E são engraçadíssimos.” Quero ler tudo o que ela escreveu. Pareço apaixonada ou não?
Denise
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