Bom resumo sobre as formas de sacrificio
Recomendo
Este livro é um curto ensaio sobre o papel dos sacrifícios nas culturas indiana e judaica. Os autores buscam sistematizar as diferentes formas e propósitos dos sacrifícios, traçando semelhanças entre as diferentes etapas a manifestações sagradas, além de estabelecer pontos em comum entre diferentes culturas. Achei especialmente interessante o caráter dual do sacrificado em diversos contextos: se a princípio “impuro” e fonte de crises no centro de uma comunidade, ele se torna sagrado e reverenciado após o sacrifício, exatamente como se esperaria da origem do termo sacrificar (“tornar sagrado”) no latim. Mauss e Hubert tratam os sacrifícios, até por sua associação religiosa, como fenômenos estritamente sociais. É inserido em uma comunidade que tais atos ganham relevância e é buscando representar ou tornar-se algo diante do coletivo que tais rituais ganham peso. Se é verdade que o livro aborda isso em diversos pontos, fiquei com a sensação de que as explicações e justificativas para tal não são assim tão profundas, com os autores se dedicando muito mais em descrever as diversas variações do fenômeno do sacrifício. Nesse sentido, o livro é um referencial importante para obter exemplos desse tipo, mas não faz um trabalho tão bom em explicar o significado desses rituais no contexto social. Apesar dos autores não estritamente concordarem com a envergadura que esses rituais obtiveram numa conjuntura social, fica fácil notar como essa obra foi uma “ponte” para a teoria mimética de Girard, que posiciona o sacrifício como origem dos mitos sagrados e resolução de crises sociais em sociedades da antiguidade.
Pedro
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