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ISBN | 9788520012406 |
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ISBN-10 | 852001240 |
Título | Um Homem Torturado - Nos Passos de Frei Tito de Alencar |
Autor | Meireles, Clarisse; Duarte-plon, Leneide |
Editora | Civilização Brasileira |
O menor preço encontrado no Brasil para Um Homem Torturado - Nos Passos de Frei Tito de Alencar - Meireles, Clarisse; Duarte-plon, Leneide - 9788520012406 atualmente é R$ 52,90.
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Um painel abrangente sobre torturadores e torturados, e sobre o Brasil de 60/70
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Eu havia assistido a "Batismo de Sangue" no ano de lançamento, faz mais de dez anos. Fiquei muito impactada com a história de frei Tito. Foi para mim um desses filmes que, ao final, rendem dias e dias de melancolia. Mas isso faz tempo, não era uma história sobre a qual eu vinha pensando mais. Ler "Um Homem Torturado" na semana passada foi meio que obra do acaso (embora, com a eleição de Bolsonaro e as declarações do energúmeno e seus asseclas, toda a desesperança e temor instalados, eu tenha voltado a me interessar por histórias da ditadura). Eu estava procurando por um outro e-book, e o encontrei por sessenta reais (!), mas, como vi que o título estava cadastrado no Kindle Unlimited, assinei o serviço e assim pude lê-lo por vinte contos de réis. Faço isso de vez em quando. Assino, leio tudo o que conseguir naquele mês, depois cancelo. E estava atrás de outros livros que fizessem render a assinatura ainda mais. Navegando no site, me deparei com "Um Homem Torturado", que também estava inscrito. Ótimo! Baixei na mesma hora. Estou com a mesma sensação ruim de quando vi o filme, até mais, por ser mais detalhado. Tito de Alencar Lima é --- ou melhor, foi --- um frei dominicano torturado durante a ditadura. Não foi o único. Vários confrades seus (frei Betto, inclusive) caíram na operação "Batina Branca", comandada por Sérgio Fleury, e que prendeu vários religiosos do Convento das Perdizes, em São Paulo, por atuarem junto à ALN de Marighella. Os freis Ivo e Fernando, sob tortura, deram detalhes sobre onde e como marcavam os encontros com Marighella, o que possibilitou que Fleury armasse a emboscada que o matou. A confissão dos dois religiosos serviu a Fleury duplamente, pois não só permitiu a armadilha contra o guerrilheiro, como lhe deu a chance de difamar os frades em duas frentes: alardeando para a população em geral que aqueles frades eram terroristas e portanto traíram a Igreja; já para os movimentos revolucionários, espalhou que os frades traíram a esquerda ao entregar Marighella. Ou seja, tentou, além de humilhá-los, indispô-los com todo o mundo. Neste primeiro momento, Tito não recebeu tratamento tão diferente dos demais frades, e, da sessão de tortura no Deops, foram todos encaminhados para o Presídio Tiradentes. No entanto, quando já preso há cerca de um ano, o destino de frei Tito foi selado ao prenderem o dono do sítio em Ibiúna onde os estudantes da UNE haviam se reunido em 68, em um congresso clandestino. Ora, tinha sido Tito quem arrumara o sítio e fizera a articulação com o dono. Quando o proprietário caiu, o primeiro nome a surgir foi o de Tito, que foi arrastado para outra sessão de torturas, essa, por dias consecutivos, muito mais longa, muito mais brutal que a primeira. E, lógico, quanto mais ele se recusava a falar (e ele não falou), maior o sadismo e a excitação em molestar. Ao fim de um desses dias, ele sub-repticiamente conseguiu de um dos guardas uma gilete com a qual cortou uma artéria no braço. O importante era sair dali, vivo ou morto. O que valia era escapar. Acorda já hospitalizado, policiais em seu quarto dizendo ao médico que ele "não pode morrer de jeito nenhum". Provavelmente, com o prisão do dono do sítio e a reabertura do caso, todos os dominicanos presos acabariam sendo "chamados" para novos esclarecimentos, e torturados outra vez. Até porque a primeira sessão, meses antes, se dera durante a "Operação Batina Branca", de Fleury, e agora a acareação estava a cargo da Oban (futura DOI-Codi), sob a responsabilidade de Albernaz, que achara a intervenção de Fleury "muito mal-feita". Mas a tentativa de suicídio de Tito acaba sustando a ida de mais frades para a Oban, a coisa meio que esfria, Albernaz dá um tempo. Mas dessa vez a tortura tinha sido muito, muito violenta, tanto a física quanto a psicológica (que prosseguiu no hospital, pelos policiais de guarda em seu quarto. Agora, além de ele ser um padre terrorista, de uma organização que traiu a Igreja e a esquerda, era um padre suicida, e isso a Igreja não perdoaria nunca, eles repetiam dia e noite). E Tito não se recupera plenamente. Quando enfim é devolvido ao presídio Tiradentes, para junto dos outros religiosos, chega muito calado, taciturno, ele, que era conhecido por ser piadista e gostar de tocar violão. E aí, logo depois, sofre novo revés, ao ter seu nome incluído na lista de presos políticos que devem ser libertos em troca de um embaixador suíço sequestrado. Tito não queria sair do Brasil de jeito nenhum. Sempre dizia que queria "ficar ao lado de seu povo, por quem tanto lutou". Ao mesmo tempo, não tinha coragem de dizer que não queria ser trocado pelo embaixador, achava uma indelicadeza e até uma afronta aos colegas revolucionários que se lembraram de pôr seu nome na lista. Tito então parte para o Chile com mais 69 nove presos políticos trocados pelo embaixador, todos com a cidadania brasileira cassada, e, portanto, apátridas. No entanto, Tito estava completamente combalido psicologicamente após a segunda sessão de torturas e inapto a se adaptar a um exílio. O irônico é que menos de três anos depois, seus amigos frades acabam soltos, e ele certamente teria sido solto junto a eles, para viver uma vida de religioso quase normal em seu país, em sua comunidade. No entanto, tendo sido banido e não mais sendo brasileiro, estava detido no exterior. Ou seja, sua liberdade no exílio foi sua prisão; terem-se lembrado de colocar seu nome na lista, uma condenação. Ele não demora nem duas semanas no Chile e, aterrorizado com a notícia de que Fleury fora avistado por lá e que os exilados eram vigiados, vai embora para a França. Mas não adianta, ele não se adapta mesmo. A nada. Tenta prosseguir seus estudos (antes da prisão, era aluno de Sociologia da USP), não se concentra. É vítima de alucinações constantes em que Fleury tortura seus pais e irmãos, ou em que o proíbe de entrar no convento em Arbresle (onde Tito fora viver), pois aquele não era lugar para "padre terrorista", e assim ele dorme ao relento, e não entra nem para comer, por mais que os demais frades o tentem levar para dentro. Um deles por fim o leva ao psiquiatra. Ao chegar ao consultório pela primeira vez, ele se cola à parede de braços abertos e grita, "Estou pronto!", como se estivesse ali para ser fuzilado. Em seus momentos de lucidez, que, apesar de tudo, eram muitos, se sente um indigno e um inútil por não conseguir mais estudar ou trabalhar (em SP, ele dava aulas). Sente-se um fardo no convento onde vive. Está sempre se oferecendo para as tarefas de limpeza e faxina, mas nunca acha que esteja compensando os frades que o receberam. Por fim, muito perturbado, em 1974, aos 28 anos de idade e três de exílio, ele se enforca ao lado de um lixão (como para deixar claro o quanto ele pensa que vale). O livro entrevista muitas e muitas pessoas que o conheceram ou conviveram com ele, e oferece um painel muito abrangente e informativo não só sobre Tito, mas sobre muitos torturados e torturadores de então, sobre a realidade da Igreja na época e como o clero via esses jovens padres revolucionários (claro, como se era de esperar, havia os apoiadores e os detratores), e a vida no Brasil no fim dos anos 60 até meados de 70. Leitura muito enriquecedora.
Mariana
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Homem torturado...Frei Tito, um exemplo de Brasileiro.
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Leitura interessante é fundamental , atendeu às minhas expectativas. Livro essencial para quem estudo sobre a época da repressão no BRASIL.
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