Logo Zoom
Logo Zoom

A principal frase que descreve a franquia sempre foi o de montar uma civilização que resistisse ao teste do tempo. Em Sid Meier's Civilization VII, a Firaxis abandonou essa descrição. Sua civilização não vai resistir ao teste do tempo, mas, assim como aconteceu ao longo da história humana, ela vai evoluir e mudar à medida que as Eras passam.

Mas será que destruir essa base da franquia fez sentido? O jogo mudou tão drasticamente que perdeu sua característica principal? Ou será que a mudança era necessária para renovar a franquia? Essas são algumas das respostas que eu trago neste review.

Antes de começar, vale reforçar que testamos Civilization VII no PlayStation 5. Além dele, o game também está disponível para PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch e PC.

Enquanto lê o review, já fica de olho nas principais ofertas na mídia física do game para o PS5 e o Nintendo Switch!

O sistema de Eras de Civilization VII funciona?

A principal novidade do game, que não estava presente de forma tão impactante nos anteriores, é o sistema de Eras. Em Civilization 7, a jogabilidade é toda centrada nelas, influenciando inclusive a escolha de civilizações.

Existem três Eras no jogo: Antiguidade, Exploração e Moderna. Todas elas possuem suas características e peculiaridades, mas a principal mudança no game é a transição entre uma era e outra. Toda vez que avançamos de era, temos de escolher uma nova civilização, abandonando características da anterior, salvo algumas exceções.

Essa troca de Eras traz uma espécie de reset, o que balança um pouco as coisas e foi uma medida que achei bem divertida. Afinal de contas, um dos principais problemas nas edições anteriores do game era que, da metade para o final, era comum saber se você ganharia uma partida ou não. Aqui, o sistema de Eras adiciona um pouco de imprevisibilidade.

Nesse ponto, Civilization VII é uma faca de dois gumes. Enquanto as mudanças promovidas pela transição de era trazem frescor e novos objetivos para alcançar a vitória, algumas mudanças não parecem ter sido bem pensadas. Uma delas é no polêmico sistema de diplomacia, que reseta guerras e alianças a cada virada de era.

Ainda assim, a troca de eras e civilizações permitem combinações interessantes, valendo notar aqui que você não fica obrigado a seguir o mesmo caminho para alcançar a vitória. É perfeitamente possível começar pelo caminho econômico em uma era, se tornar militarista na outra e tentar fechar com uma vitória cultural.

Diferente dos jogos anteriores, o caminho para vencer é um pouco mais claro, já que trilhar algum dos caminhos das eras trazem bônus para as Eras seguintes e, na última era, libera um ou mais projetos que, quando concluídos, encerram o jogo com sua vitória.

Bom, exceto quando a performance do jogo me permitiu ver uma tela do tipo no PS5, mas isso é um assunto que vou abordar mais pra frente.

Apesar de algumas estranhezas na transição, que podem ser corrigidas com patches futuros, me mantive engajado com os objetivos e caminhos de legado que o jogo me trazia e me tornei um defensor do sistema de eras em Civilization VII.

Mas vale reforçar que a jogabilidade base de Civilization ainda está lá. Ou seja, embora estejamos falando de um jogo novo na franquia, as mudanças não alteraram o game de forma a me fazer sentir que estava jogando outro jogo que não fosse Civ. É novo, mas você ainda vai se sentir em casa.

Publicidade

Como está a jogabilidade de Civilization VII?

Falei bastante das mudanças que Civ 7 passou até aqui, mas como está a jogabilidade básica 4X que conhecemos e amamos? Vou avaliar me baseando nas palavras que compõem o gênero 4X: eXploração, eXpansão, eXtração e eXtermínio.

Como está a exploração?

Explorar é o primeiro aspecto importante a considerar no início de uma partida (Imagem: Divulgação/2K Games)

A exploração foi uma das bases que menos senti mudanças, sendo bem semelhante ao que vemos nos games anteriores. Pegue seu batedor, explore seus arredores, encontre ruínas com bônus, cidades-estado amigáveis ou não muito e outras civilizações e é isso. Com duas grandes exceções.

A primeira grande mudança é a impossibilidade de encontrar todas as civilizações na primeira era do jogo. Na Antiguidade, nenhuma embarcação pode atravessar paineis de oceano aberto, algo desbloqueado com limitações na era da Exploração.

Isso também significa que é impossível vencer o jogo na primeira era, visto que só é possível encontrar algumas das civilizações ao atravessar os oceanos, algo permitido apenas ao alcançar a segunda era do game.

Já a segunda grande mudança acontece apenas na Era Moderna, quando você desbloqueia a possibilidade de escavar artefatos das eras passadas. Esse elemento é bem importante para uma vitória cultural e faz com que a parte exploratória do jogo se renove na sua reta final, quando boa parte do mapa está desbloqueado.

Como é expandir no mapa?

Gerenciar e expandir seu território são tarefas constantes nas partidas de Civilization (Imagem: Divulgação/2K Games)

A expansão talvez seja o conceito mais "expandido" em Civilization VII, se me permitem o trocadilho. O gerenciamento das cidades e de como elas se expandem foi totalmente renovado e um pouco mais compreensível do que nos antecessores.

Uma base constante na jogabilidade de Civ foi a alocação da população nos espaços e isso permanece aqui, mas agora cada unidade de população alocada cria automaticamente uma melhoria naquele local, de acordo com o tipo de painel.

Ou seja, colocar população em um campo de pradaria cria automaticamente uma fazenda, abolindo os "Construtores", presentes nas edições anteriores. A afirmação pode parecer forte, mas confesso que já não estou sentindo falta alguma deles.

A expansão das cidades em distritos e bairros adiciona uma camada estratégica bem interessante, já que agora não é mais possível construir todas as edificações e maravilhas em só um lugar.

O conceito dos distritos ficou um pouco mais compreensível e gerenciável do que em Civilization VI. Ao invés de construir o distrito, como acontecia, qualquer edificação que você posicione fora do centro da cidade inicia um distrito urbano, no qual é possível ter apenas duas edificações.

Outro ponto importante é a presença das Cidades Pequenas. Agora, sempre que você toma uma cidade no jogo ou funda uma nova com seus colonos, ela se torna, primeiro, uma Cidade Pequena.

A intenção da Firaxis é, com elas, diminuir o microgerenciamento da produção de cidades menos estratégicas para o jogador. Nelas, é permitido apenas comprar unidades e construção com ouro. Os ganhos em produção, necessários para construir coisas, são convertidos em ouro para o seu império.

Sendo sincero, não vejo nada de errado na mecânica em si e ela de fato faz com que as partidas durem menos. Talvez por ser jogador de longa data, não poder gerenciar a construção das Cidades Pequenas ainda me causa estranhamento.

Como é a extração de recursos no game?

Extrair recursos importantes nunca foi tão simples (Imagem: Divulgação/2K Games)

Com a ausência dos Construtores, coletar recursos importantes também se tornou mais fácil, além de estar conectada diretamente com a expansão das suas cidades.

Sempre que sua cidade expande e você aloca uma unidade de população no espaço de um recurso, ele automaticamente fica disponível para o seu império. Dependendo de qual for o recurso e em qual era você está, esse recurso pode ser designado a uma cidade ou serve a toda sua civilização.

Sua importância é bem maior que no antecessor, inclusive com os recursos sendo usados como um modo de garantir vitórias ao longo das partidas. O método de angariar recursos também torna a corrida para expansão mais emocionante, especialmente com civilizações que estão perto da sua fronteira.

Extermínio: como está a parte bélica e diplomática do jogo?

Diplomacia hostil, que chama? (Imagem: Divulgação/2K Games)

A diplomacia sempre foi um ponto bastante criticado nos jogos de Civilization e, a cada novo episódio, uma tentativa de melhorar esse sistema é feita. Boa parte das críticas às edições passadas se referia a escolhas que não faziam muito sentido para a própria IA.

Não posso dizer que isso melhorou muito em Civilization VII, mas há alguma melhora. Enquanto antes os pedidos diplomáticos eram livres, no game atual é necessário uma quantidade de Influência, um recurso que auxilia no patrocínio de cidades-estado e te permite recusar ofertas ou até mesmo apoia-las em conjunto com outra civilização.

Isso diminui o número de vezes que civilizações na partida te acionam com pedidos sem sentido. Inclusive, boa parte dos pedidos feitos por esses jogadores controlados pela IA tem um propósito dentro do objetivo dele.

O que ainda não parece fazer muito sentido é como a relação entre sua civilização e as outras se deteriora ou melhora. O sistema de agendas, presente em Civ 6, permanece aqui e traz alterações reais, assim como níveis de dificuldade maiores tornam seus oponentes mais hostis em relação a você.

No entanto, algumas mudanças de relação acontecem de maneira quase aleatória, inclusive com declarações de guerra que parecem não fazer sentido, já que não há agressão ou ações suas que justifiquem a abertura do conflito por parte de um oponente.

Falando em conflito, guerrear está muito melhor em Civilization VII.

Comandantes são unidades especiais que facilitam a logística e fornecem bônus de combate (Imagem: Divulgação/2K Games)

O principal motivo para isso estão nas figuras dos Comandantes, unidades especiais que facilitam a logística e provém ordens de batalha que podem conferir bônus às suas unidades.

Por exemplo, é possível aglutinar unidades em um Comandante, fazendo com que todos ocupem o mesmo espaço. Eu sei, se você já acompanha a série desde os primórdios de Civilization, não verá nada de novo aqui.

No entanto, o número de unidades alocadas é limitado e não é possível lutar a partir de unidades aglutinadas em um comandante. Antes de combater, é necessário desvincular as tropas da unidade especial, que passam a ocupar os espaços adjacentes. Só a partir daí podem começar o combate.

Outra mudança é que agora apenas os comandantes ganham XP e ganham nível, contando com uma árvore de habilidades que permite especializá-los. A gama de estratégias muda bastante, além de diminuir mais tempo de microgerenciamento na movimentação das tropas. Além desta, boa parte das mecânicas de combate permanecem iguais aos jogos anteriores.

Mas vale notar que, até aqui, gostei de quase todas as mudanças promovidas para reduzir gerenciamento. Especialmente no combate, que se tornou um pouco menos truncado.

Arte com tom mais realista que seu antecessor, mas com trilha sonora digna de prêmio

Uma das principais reclamações de Civilization 6 era o tom considerado excessivamente cartunesco, especialmente no desenho dos líderes. Algo que foi criticado por fãs e não tão bem recebido.

Ouvindo as críticas, a Firaxis dá um tom mais realista em todos os aspectos do game. Ainda assim, não falta personalidade aos ícones históricos que você usa como líder, o que é bem visível nas interações entre eles na tela de diplomacia.

Embora eu não seja um crítico de estilos mais cartunescos, inclusive os defendo desde que joguei The Legend of Zelda: the Wind Waker pela primeira vez, aqui admito que adotar um estilo realista ficou bem mais bonito.

O que não mudou foi a trilha sonora composta pelo premiado Christopher Tin que, com exceção do quinto game, está presente na composição de Sid Meier's Civilization desde o quarto jogo. Pela terceira vez seguida, ele entrega uma trilha sonora espetacular e de arrepiar, oferecendo a sensação de grandeza esperada em um game no qual você tem que criar uma civilização do zero.

Otimização no PS5: faltou

O aspecto mais frustante de jogar Civilization VII no PlayStation 5 com certeza é a otimização. No momento, beira o impossível aproveitar o game em mapas maiores e com muitas civilizações.

Embora a primeira metade do game tenha sido jogada sem problemas, a partir da expansão do mapa na Era da Exploração, um significativo problema de performance surgiu: crashes cada vez mais constantes.

Quanto mais do mapa estava aberto, mais frequentes eram as quedas do jogo, me levando direto pra página inicial do PS5. Ao final da partida, o jogo caía em quase toda rodada, exigindo bastante resiliência para ir até o fim. Ainda assim, o jogo caiu três vezes apenas na tela de vitória.

Foi possível concluir minha partida apenas no dia seguinte, logo após ligar o PS5 pela primeira vez no dia. Lembrando que o game foi testado no PS5 base, então é possível que o PS5 Pro consiga lidar melhor com o problema de otimização de Civilization VII. Ainda assim, é inaceitável que um jogo seja lançado com um problema tão grave.

Após a escrita desse review, a Firaxis liberou patches de correção, um deles focado em melhorar a estabilidade do game nos consoles, o que pode ter resolvido o problema, mas não deixou de causar uma má impressão inicial.

Principais ausências de Civ 7: o que ficou de fora?

Tantas mudanças também significam algumas ausências notáveis nas partidas. A principal delas é que não é possível continuar um jogo após vencê-lo, clicando no famoso botão "Só mais um turno...".

Além disso, a falta do botão auto-explorar também foi sentida, exigindo um pouco mais de microgerenciamento dos batedores. Mas vale lembrar que ambas as ausências já foram notadas pela Firaxis e serão aplicadas em atualizações futuras.

Ainda assim, como funções que estiveram presente em boa parte dos antecessores, é estranho que elas não tenham sido desenvolvidas e implementadas já no lançamento.

Civilization VII vale a pena?

Fechando o review, posso dizer que sim, Sid Meier's Civilization VII vale a pena, mas com ressalvas nessa versão do PS5. Ainda que tenha destruído sua premissa principal de criar uma civilização que resista ao teste do tempo, a mudança proposta pelo sistema de Eras foi muito bem-vinda.

As mudanças mecânicas que reduziram o microgerenciamento, tornaram o combate menos truncado e até melhoraram um pouco o sistema de diplomacia também foram boas mudanças, embora algumas mecânicas básicas fizeram falta nos dias iniciais após o lançamento do jogo.

Mas é impossível não deixar uma ressalva em relação à edição PS5 do game, com travamentos constantes nos estágios finais de uma partida em um mapa do tamanho padrão. Apesar de ser um problema que está sendo tratado nas primeiras atualizações do game, é inadmissível que um jogo lance impedindo, por semanas, jogadores de aproveitarem tudo que o game tem a oferecer.

Está de olho em Civilization VII e esperando a oportunidade perfeita de levar o game para casa no precinho? Então fique de olho nas ofertas do game logo abaixo!

Leia mais sobre
Publicidade
Publicidade
Publicidade